terça-feira, 7 de janeiro de 2014

O MESMO MURO

Mais cedo que o que podia prever, notícia chegada de Israel onde «Mais de 30.000 imigrantes africanos manifestam-se em Telavive» representa a pior das confirmações da tendência para a deflagração de conflitos de natureza social (já no “post” «PRENDA…» aludi a esta questão numa perspectiva doméstica) num contexto de crescente insatisfação global.

O caso referido ganha contornos especiais por ocorrer num dos estados mais policiados do Mundo e por representar o culminar de duas manifestações anteriores que contaram com uma reduzida participação. O jornal francês LE MONDE fala mesmo duma enorme manifestação de migrantes africanos clandestinos e acrescenta um pormenor da maior relevância: os manifestantes reclamam o direito de asilo num estado que instalou recentemente um fosso electrificado com o vizinho Egipto.

A referência a este tipo de medidas extremas (semelhantes às instaladas pelo governo norte-americano na sua fronteira com o México) e a recordação do famigerado muro de betão com que o governo sionista pretende isolar os palestinianos assenta perfeitamente num estado com profundas raízes policiais para cujos principais responsáveis apenas parece contar a “pureza da sua raça” e que só recordam o Holocausto em interesse próprio.


A agitação registada em Tel-Aviv, sinal da insatisfação dos emigrantes, pode bem vir a acabar no endurecimento das medidas “purificadoras” que têm vindo a ser implantadas no território desde meados do século XX, que já originaram guerras convencionais com os estados árabes vizinhos, duas intifadas (sublevações palestinianas) e um regime sionista cada vez mais fechado em si próprio.

Esse ensimesmamento, ou até o mais prosaico apelo à autarcia, parece cada vez mais na ordem do dia num mundo crescentemente despojado de valores (salvo o do dinheiro, comprovado pelo facto de recentemente se terem manifestado «Patrões suíços contra proposta de limitação de imigração no país») e minado pelas contradições da sucessão de crises políticas e económicas onde cada estado ergue os seus muros.

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