sábado, 25 de janeiro de 2014

SÍTIO PARA VENDER

A Suíça, habitualmente conhecida pela sua política de neutralidade (facto que no último século lhe assegurou chorudos proventos financeiros), acolhe, de momento, duas cimeiras internacionais; a Conferência para a Paz na Síria (a que me referi no «post» anterior) e a já habitual reunião do World Economic Forum, que vai na 44ª edição e é mais conhecido como a Cimeira de Davos.

Fórum predominantemente económico e comercial, conheceu este ano e pela coincidência com a conferência de paz promovida pela ONU um novo ponto de interesse que colocou o «Conflito na Síria no centro dos debates em Davos». Entre os convidados além do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, esteve o presidente iraniano, Hassan Rohani, facto que resultando do reconhecimento da importância comercial do Irão (um dos principais produtores de petróleo) não deixa de revelar a hipocrisia que levou ao afastamento das negociações dum dos intervenientes que melhor poderia influenciar o regime sírio.


É evidente que o âmbito das duas reuniões é diferente – mas isso apenas ressalta as permanentes contradições que trespassam e que tantas vezes paralisam as relações internacionais – e que Davos é principalmente o ponto de encontro para a nata das grandes corporações mundiais evidenciarem o seu poder económico e as relações políticas que mantém. Não se estranhe então que se afirme na imprensa nacional que «Davos é o sítio certo para ‘vender' o país», nem que Netanyahu ou Rohani lá se tenham deslocado para operações de marketing, tanto mais importantes quanto o sentimento que os participantes quiseram transmitir desde a primeira hora é o de que «Em Davos, ninguém arrisca dizer que crise já acabou».

Esta aparente modéstia não esconderá mais que a constatação da debilidade geral das economias – agora até já os BRICS estão a aproximar-se das anémicas taxas de crescimento dos EUA e da UE – e da ausência de soluções claras para fomentar o crescimento das economias cada vez mais minadas pelas desigualdades que no plano social e político representam ameaças cada vez mais reais para o “status quo” económico tão grato à globalização.

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