A Suíça,
habitualmente conhecida pela sua política de neutralidade (facto que no último
século lhe assegurou chorudos proventos financeiros), acolhe, de momento, duas
cimeiras internacionais; a Conferência para a Paz na Síria (a que
me referi no «post» anterior) e a
já habitual reunião do World Economic Forum,
que vai na 44ª edição e é mais conhecido como a Cimeira de Davos.
Fórum
predominantemente económico e comercial, conheceu este ano e pela coincidência
com a conferência de paz promovida pela ONU um novo ponto de interesse que
colocou o «Conflito
na Síria no centro dos debates em Davos». Entre os convidados além do
primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, esteve o presidente iraniano, Hassan Rohani, facto que resultando do reconhecimento da importância comercial
do Irão (um dos principais produtores de petróleo) não deixa de revelar a
hipocrisia que levou ao afastamento das negociações dum dos intervenientes que
melhor poderia influenciar o regime sírio.
É evidente que
o âmbito das duas reuniões é diferente – mas isso apenas ressalta as permanentes
contradições que trespassam e que tantas vezes paralisam as relações
internacionais – e que Davos é principalmente o ponto de encontro para a nata
das grandes corporações mundiais evidenciarem o seu poder económico e as
relações políticas que mantém. Não se estranhe então que se afirme na imprensa
nacional que «Davos
é o sítio certo para ‘vender' o país», nem que Netanyahu ou Rohani lá se
tenham deslocado para operações de marketing, tanto mais importantes quanto o
sentimento que os participantes quiseram transmitir desde a primeira hora é o
de que «Em Davos, ninguém arrisca dizer que crise já acabou».
Esta aparente
modéstia não esconderá mais que a constatação da debilidade geral das economias
– agora até já os BRICS estão a aproximar-se das anémicas taxas de crescimento
dos EUA e da UE – e da ausência de soluções claras para fomentar o crescimento
das economias cada vez mais minadas pelas desigualdades que no plano social e
político representam ameaças cada vez mais reais para o “status quo” económico tão grato à globalização.
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