Não é
apenas o dia-a-dia dos cidadãos que vive de “fait divers”, por vezes até a política os regista e um ou outro
acabam por merecer destaque pela relevância (dos intérpretes ou do desfecho)
ou, mais prosaicamente, pelo que revelam do que se queria reservado.
As
notícias dadas à estampa no final da semana passada de que um «Secretário
de Estado português foi à Grécia e saiu de lá como..."o alemão"»,
tal foi o seu empenho na desvalorização dos esforços para a formação duma
frente que congregasse e representasse os interesses dos países europeus do sul
face aos congéneres do norte, poderão classificar-se entre nós – conhecedores
directos do calibre dos nossos actuais governantes – no capítulo do “fait divers” político, mas para os
gregos – e em especial para os que continuam a bater-se pela construção de
alternativas à inevitabilidade do modelo austeritário – a aparição de
semelhante personagem deve ter recordado as mais soezes das tragédias legadas
pelos clássicos, não se estranhando pois a reacção nem o epíteto com que
mimosearam quem se apresentou numa mesa-redonda para debater o tema
“Governança económica e crise europeia” sem outra tese que a da famigerada “voz
do dono”.
É histórico
que ao longo dos tempos sempre houve quem privilegiasse a subserviência (ou a «Servidão
voluntária», nas palavras de Viriato Soromenho-Marques) como via para conquistar
as graças dos poderosos, no extremo temos os exemplos dos fanáticos religiosos
que queimaram meia Europa no afã de purgar a heresia, ou para afastar qualquer
suspeita que sobre eles pudesse pesar; quase todos passaram à História não como
as figuras que almejaram ser mas como os figurões que efectivamente foram. Talvez
por disso ter consciência e a propósito das recentes comemorações do 1º de
Dezembro, até o Presidente da Câmara de Lisboa, António «Costa diz que
crise não se ultrapassa com resignação».
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