terça-feira, 10 de dezembro de 2013

HOMENAGEM ATERRADORA

Decorreu hoje no Estádio de Joanesburgo a última grande homenagem pública ao homem que levou a África do Sul a extinguir o “apartheid”. Figura de incontestável carisma, Mandela juntou «53 chefes de Estado e Governo confirmados no funeral», além de Durão Barroso, Ban Ki-moon, o secretário-geral da ONU, e muitas outras figuras.

Verdadeiro “happening” mediático, onde «Bill Gates, Oprah e Bono estão entre as celebridades no funeral de Mandela», nem por isso o evento deixou de revelar uma faceta caricatural quando o primeiro-ministro checo foi escutado a dizer que «Tenho um almoço marcado e não tenho vontade de ir» e outra potencialmente bem mais grave, com o anúncio vindo de Telavive de que o «PM não vai ao funeral de Mandela por causa dos custos».


E digo potencialmente mais grave porque parece por demais evidente que a verdadeira razão para a ausência de Benjamin Netanyahu não será o custo (que significado tem umas centenas de milhares de gastos a mais) mas principalmente o facto do Estado de Israel continuar a praticar uma política segregacionista do tipo “apartheid” e recear qualquer reacção ou comparação entre o extinto regime sul-africano e o seu (incluindo o prenúncio do fim), sempre possível num quadro de celebração e de reafirmação de que «Mandela “foi um dos grandes mestres do nosso tempo”».

Comprovando isso mesmo, não faltam na imprensa israelita sinais do desconforto perante a evidência das ligações entre o regime israelita e o ex-regime do “apartheid”, enquanto o líder da Fatah, Marwan Barghouti, que é considerado por muitos como o mais importante prisioneiro palestiniano detido desde 2002 por Israel, escreveu a seguinte mensagem dedicada a Mandela: «Da minha cela de prisão asseguro que a nossa liberdade parece possível depois que você conquistou a sua. O “apartheid” não venceu na África do Sul e não vencerá na Palestina».

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