Decorreu hoje no Estádio de
Joanesburgo a última grande homenagem pública ao homem que levou a África do
Sul a extinguir o “apartheid”. Figura
de incontestável carisma, Mandela juntou «53
chefes de Estado e Governo confirmados no funeral», além de Durão Barroso,
Ban Ki-moon, o secretário-geral da ONU, e muitas outras figuras.
Verdadeiro
“happening” mediático, onde «Bill
Gates, Oprah e Bono estão entre as celebridades no funeral de Mandela», nem
por isso o evento deixou de revelar uma faceta caricatural quando o
primeiro-ministro checo foi escutado a dizer que «Tenho
um almoço marcado e não tenho vontade de ir» e outra potencialmente bem
mais grave, com o anúncio vindo de Telavive de que o «PM
não vai ao funeral de Mandela por causa dos custos».
E
digo potencialmente mais grave porque parece por demais evidente que a verdadeira
razão para a ausência de Benjamin Netanyahu não será o custo (que significado
tem umas centenas de milhares de gastos a mais) mas principalmente o facto do Estado
de Israel continuar a praticar uma política segregacionista do tipo “apartheid” e recear qualquer reacção ou
comparação entre o extinto regime sul-africano e o seu (incluindo o prenúncio
do fim), sempre possível num quadro de celebração e de reafirmação de que «Mandela “foi um dos grandes mestres do
nosso tempo”».
Comprovando
isso mesmo, não faltam na imprensa israelita sinais do desconforto perante a
evidência das ligações entre o regime israelita e o ex-regime do “apartheid”, enquanto o líder da Fatah,
Marwan Barghouti, que é considerado por muitos como o mais importante
prisioneiro palestiniano detido desde 2002 por Israel, escreveu a seguinte
mensagem dedicada a Mandela: «Da minha
cela de prisão asseguro que a nossa liberdade parece possível depois que você
conquistou a sua. O “apartheid” não venceu na África do Sul e não vencerá na
Palestina».
Sem comentários:
Enviar um comentário