sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

AFUNDADAS ESPERANÇAS

Concretizado mais um crime de lesa economia com a venda dos CTT e quando começamos a conhecer que entre os “beneficiários” do negócio estão o «Goldman Sachs e Deutsche Bank com 7% dos CTT», cresce a incerteza sobre outro “negócio” anunciado: a subconcessão dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo à Martinfer.


Do historial da ENVC (cujas vicissitudes podem ser lidas em resumo nesta notícia do PUBLICO) e dos contornos conhecidos dum “negócio” que começou por apresentar vários interessados e acabou reduzido a um único (para mais com o currículo e uma situação económico-financeira com um passivo superior ao dos ENVC, como a que regista a Martifer), resultam muitas dúvidas, começando pela forma negligente como tem sido gerida e concluindo na justificação da subconcessão como forma de resolver um eventual contencioso com Bruxelas sobre os 181 milhões de euros ajudas públicas atribuídas aos ENVC, entre 2006 e 2011, mas sem nunca referir como serão suportados os quase 300 milhões de euros do passivo dos ENVC.

Enquanto na imprensa vão surgindo notícias contraditórias sobre o futuro dos actuais trabalhadores e sobre o número de postos de trabalho que a nova empresa concessionária (West Sea Estaleiros Navais) irá “criar”; desde uns escassos 120 até uns mirabolantes 1.000 postos de trabalho (ver a propósito este curioso artigo de opinião de João Miguel Tavares, no PUBLICO), tudo parece valer para justificar o “negócio” enquanto explica porque o «Autarca de Viana quer PJ a investigar entrega dos Estaleiros Navais à Martifer».

As dúvidas não param de se avolumar a ponto dum deputado municipal, eleito pelo CDS, assegurar que a «Martifer paga quatro vezes menos pelos terrenos dos ENVC do que a empresa vizinha», permitindo antever que outros considerandos ainda mais nebulosos envolvam todo o “negócio”, a ponto do insuspeito EXPRESSO assegurar que «Portugueses pagam para a Martifer utilizar Estaleiros de Viana do Castelo». E se em tempos e perante um cenário igualmente dubitativo teve este Governo o bom senso de suspender o “negócio” de venda da TAP, nada explica (nem mesmo o facto de, contrariamente ao sucedido com Miguel Relvas, nunca ter sido questionada a validade do grau académico do ministro Aguiar Branco) que perante tantas dúvidas a mesma opção não seja agora exercida.

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