Como habitual
ao aproximar-se a conclusão de mais uma translação da Terra sucedem-se os
balanços aos acontecimentos ocorridos e as promessas para os acontecimentos
futuros.
Qual fantasma
dos anos passados, continuamos a arrastar os “esqueletos” de todos os problemas
que deixámos por resolver: os conflitos sem solução à vista, as desgraças
humanas que os acompanham e agora (mais recentemente) as que a Natureza parece
apostada em nos infligir enquanto persistimos sem alterar os modelos destruição
e de poluição (há muito que a espécie humana mostrou ser capaz do melhor e do
pior e ao desenvolvimento de processos científicos e tecnológicos que
melhoraram a qualidade de vida em geral, juntámos, com a mesma naturalidade,
outros que estão a tornar insuportável a vida de milhões).
Talvez
insatisfeitos com o grau de confusão (e miséria alheia) gerado, ainda há quem
aposte na continuidade das políticas que nos conduziram ao actual estado de
coisas e quem se recuse a aceitar a imperiosa necessidade de mudar de “agulha”.
Não apenas no plano ambiental, com o último arremedo de acordo em …., mas
principalmente no plano político global onde os governantes ocidentais se
revelam cada vez mais incapazes de entender, interpretar e actuar em
consonância com as mudanças que estão em curso.
Com as
economias ainda dominantes num estado letárgico, as principais moedas (dólar,
libra e euro) começam a confrontar-se com rivais cada vez mais presentes, como
o yuan chinês, ou em formação (2014 deverá ver nascer uma nova moeda no Médio
Oriente lançada pelo Kuwait, o Qatar, o
Bahrein e a Arábia Saudita), prenúncio do fim próximo duma hegemonia que no
plano político registou recentes revezes como o da reaparição da Rússia no
Médio Oriente e mais recentemente na questão ucraniana (com a notícia que a «Rússia
paga mais que a UE para ficar com a Ucrânia»), ou a simplesmente pragmática
necessidade do desanuviamento EUA/Irão.
2014 deverá continuar
a assistir à deterioração da situação nos EUA, com a possível repetição de
episódios como o da falência da cidade de Detroit (que após ter sido o farol
maior da indústria automóvel norte-americana mas não teve meios para contrariar
a ascensão dos concorrentes asiáticos), cuja economia anémica não deixará de se
ressentir com o anúncio de que a «Reserva
Federal dos EUA reduz programa de estímulo monetário», decisão que ao
contrário do anunciado não terá sido ditada pela melhoria dos indicadores
económicos mas pela necessidade de reduzir a emissão de moeda por forma a
atenuar a fragilidade externa do dólar, mesmo que aparentemente os “mercados”
tenham recebido muito bem a notícia (ver «Abertura
dos mercados: Decisões da Fed animam mercados internacionais»).
Com a Europa
dirigida por uma nomenclatura fiel aos ditames do neoliberalismo e incapaz de
compreender a armadilha em que mergulhou ao criar uma vidente cisão entre as
economias do norte e as do sul, mergulhada numa crise criada pelos que ainda
persistem na miragem da superioridade do dólar e com a crescente fragilização
deste, quem mais poderá emergir além do yuan chinês?
É certo que as hesitações do Império do Meio e o facto de
vivermos uma era de mudança onde tudo parece permitido aos poderosos continuam
a facilitar a vida àqueles que julgam ir-se empanturrar; mas como no fresco que
nos legou Marco Ferreri (“La Grande Bouffe” é um filme realizado pelo cineasta
italiano, nascido em 1928 e falecido em 1997, a par de outros como: “Touche pas
à la femme blanche” ou “Ciao Maschio”) não passa afinal da encenação da sua
própria decadência e extinção.
Resistirão os
europeus desejosos de construir uma efectiva união dos povos à erosão geral
provocada por aqueles aprendizes de feiticeiro, ou soçobrarão na voragem da
mesma inépcia?
Os próximos
tempos responderão à questão!
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