Prestes a ser
oficialmente conhecida a decisão do Tribunal Constitucional sobre o diploma que
prevê um novo regime de convergência dos sistemas de pensões continua a
manter-se o clima de pressão sobre aquele órgão de soberania.
Quase não há dia
em que alguém não se refira na comunicação social ao problema e se alguns o
fazem num sentido um pouco mais benigno, outros, como o primeiro-ministro «Passos ameaça
com novo aumento de impostos», não se coibindo
sequer com a natureza das funções que desempenha.
Aliás, a sanha
do Governo e dos seus amigos da “troika”
é tal que a imprensa escreve sem rebuço que a «Troika alerta para riscos de novos chumbos do Tribunal
Constitucional», como se em terra conquistada se
encontrassem.
A desonestidade e a
desfaçatez desta gentinha chega ao ponto do seu mandatário local (o tal que se
está a especializar no modelo de gestão pela ameaça) ter afirmado a quem o quis
ouvir que «"Obstáculos
constitucionais" ameaçam a economia», como se a quebra do consumo
interno, a sucessiva falência de empresas e o aumento do desemprego fossem
consequência das decisões daquele tribunal e nunca da opção pela aplicação dum
programa de “austeridade expansionista” que sempre negou durante a campanha
eleitoral mas cuja aplicação iniciou desde o primeiro dia de governação.
A campanha de
desinformação, com o beneplácito da generalidade da comunicação social que
ainda hoje persiste no apadrinhamento do discurso da ausência de alternativas
(enquanto convenientemente silencia quem defenda o oposto), tem sido tal que o
Tribunal Constitucional irá quase seguramente pronunciar-se pela legalidade das
medidas que lhe venham a ser submetidas (há semelhança do que já fez com a
aprovação do aumento do horário de trabalho da função pública ou da anedótica
decisão de declaração de inconstitucionalidades aceitáveis por esta vez),
temendo talvez que o Governo e a “troika”
possam avançar com a sua dissolução.
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