quarta-feira, 13 de novembro de 2013

PERSPECTIVAS

A ideia duma melhoria na economia nacional, expressa em recentes notícias, como a de que o «Clima económico melhora pelo 10º mês consecutivo» ou que o «Desemprego cai pela sétima vez em oito meses», e na convicção com que a «OCDE mantém previsões de retoma económica para Portugal» pode ser uma realidade, embora também já seja do domínio público que, ao invés dos resultados do segundo trimestre quando se terá registado um crescimento de 1,1%, «Portugal estagna nos terceiro e quarto trimestres deste ano» e que em Setembro registámos a maior quebra no retalho em toda a zona euro, notícias que se coadunam melhor com o sentimento generalizado da população.


Para o cidadão comum nem sequer era preciso saber que «Bruxelas questiona sustentabilidade da melhoria das previsões económicas em Portugal», pois as perspectivas que os discursos de governantes, restantes políticos e demais opinantes oferecem são tais que apenas aos mais incautos ou crédulos será possível acreditar nos bons sinais que até poderão existir mas que o conhecido laxismo nacional e a reconhecida inépcia governativa aconselham a encarar com reservas.

Não é apenas o malabarismo das comparações apresentadas pelos políticos (por exemplo através da comparação entre variações periódicas e homólogas) que deve ser questionada, mas a essência do próprio crescimento perante os referidos sinais contraditórios a justificar que «Bruxelas duvida da consistência do crescimento do PIB português» e a manutenção duma solução da “austeridade expansionista” que apenas tem assegurado a austeridade e prometido a expansão (sempre) para o ano seguinte...

Com a aprovação na generalidade dum Orçamento que vai empobrecer o país revela-se cada vez mais clara a razão pela qual os cidadãos se mostram tão pouco optimistas. A ideia de que está próximo o fim da crise ou a afirmação de que «Bruxelas vê Portugal a crescer 1,5% no primeiro ano do pós-troika» merece uma credibilidade directamente proporcional ao vazio que os cidadãos sentem no seus bolsos e uma sonora gargalhada quando, sabida que é a grande dependência nacional face aos parceiros europeus, «Bruxelas confirma previsão de retoma de Portugal num contexto de menor dinamismo na Zona Euro».

Mesmo que se venha a confirmar a sustentabilidade dos primeiros sinais de crescimento, o sentimento generalizado de perca de rendimentos e acréscimo das dificuldades para trabalhadores, pequenos empresários e aposentados, apenas confirma o fracasso do princípio do “trickle down economics” (ideia defendida pelos monetaristas, segundo a qual a concentração da riqueza nos mais abastados e com maior propensão à poupança acabará por “deslizar” até aos estratos mais desfavorecidos e incluída nos fundamentos do Consenso de Washington de aplicação indiscriminada pelo FMI) e que o verdadeiro objectivo da “austeridade expansionista” sempre foi o de alterar o modelo de distribuição da riqueza nacional em ainda maior benefício do factor capital.

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