quarta-feira, 20 de novembro de 2013

DESEMPREGO E DEMAGOGIA

Usar hoje, no que às instituições europeias respeita, a imagem de que “a montanha pariu um rato” é, além de degastado, insuficiente para transmitir a completa inépcia dos que pretendem dirigir os destinos de mais de 500 milhões de cidadãos.

Vem isto a propósito da reunião que na passada semana teve lugar em Paris, onde o presidente francês, François Hollande, juntou mais de uma vintena de chefes de Estado ou de Governo europeus, para debater o problema do desemprego jovem – mais de 6 milhões europeus com menos de 25 anos – e que se noticiou como uma «Grande conferência europeia sobre o emprego jovem sem grandes resultados» mas sem qualquer novidade, pois no essencial repetiu-se a “apresentação” dum programa comunitário destinado a assegurar formação específica ou estágio profissional para os jovens que tenham concluído o sistema educativo ou ficado desempregados, que já tinha sido apresentado no início do ano.


Além da clara encenação, onde não faltou uma mão-cheia de felizes e sorridente jovens para o enquadramento fotográfico, registe-se que no concreto e quanto à definição da condição principal – o relançamento da economia – nada foi dito, nem podia… pois os fautores do problema nunca poderão originar a sua solução. O anúncio de programas de formação ou de estágios – iniciativa necessária em qualquer ciclo económico e importante como complemento da formação académica – não respondem nem aos anseios nem às necessidades dos jovens que procuram simplesmente proceder da forma mais natural e expedita possível ao início da sua vida activa.

Muitas vezes descrito como factor de insatisfação e de desmotivação, o prolongado adiamento da entrada (ou do regresso) no mercado de trabalho não constitui apenas factor de risco social, pois este redundará numa inevitável degradação das capacidades e da motivação a par com o eclodir dum natural sentimento de revolta. E a acumulação de sinais dessa revolta é já hoje apontado como o principal motor desta iniciativa francesa; o que não é referido é o facto da iniciativa não responder ao verdadeiro cerne do problema: a estagnação económica que mina qualquer hipótese de crescimento sustentável do emprego.

Tão demagógico quanto esta “Grande Conferência” é o facto de se continuar a insistir em políticas contraccionistas decididas a pretexto duma teoria que privilegia a necessidade do reequilíbrio financeiro dos Estados a expensas das economias domésticas (a que gera emprego e crescimento sustentado), sufocadas no espartilho da redução da procura interna, e em cumprimento do dogma do benefício das exportações, enquanto se negligenciam os seus malefícios bem evidentes nas elevadas taxas de desemprego (em especial a das camadas mais jovens), no aumento da emigração, na contínua quebra do PIB (ver a propósito o “post” «PERSPECTIVAS»), na manutenção dos défices públicos e no aumento da dívida pública. Políticas que continuam em aplicação e que, asseguram os poderes estabelecidos, estão para durar…

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