Usar
hoje, no que às instituições europeias respeita, a imagem de que “a montanha
pariu um rato” é, além de degastado, insuficiente para transmitir a completa
inépcia dos que pretendem dirigir os destinos de mais de 500 milhões de cidadãos.
Vem
isto a propósito da reunião que na passada semana teve lugar em
Paris, onde o presidente
francês, François Hollande, juntou mais de uma vintena de chefes de Estado ou
de Governo europeus, para debater o problema do desemprego jovem – mais de 6 milhões
europeus com menos de 25 anos – e que se noticiou como uma «Grande
conferência europeia sobre o emprego jovem sem grandes resultados» mas sem qualquer novidade,
pois no essencial repetiu-se a “apresentação” dum programa comunitário
destinado a assegurar formação específica ou estágio profissional para os jovens que tenham
concluído o sistema
educativo ou ficado desempregados, que já tinha sido apresentado no início do ano.
Além da
clara encenação, onde não faltou uma mão-cheia de felizes e sorridente jovens
para o enquadramento fotográfico, registe-se que no concreto e quanto à
definição da condição principal – o relançamento da economia – nada foi dito,
nem podia… pois os fautores do problema nunca poderão originar a sua solução. O
anúncio de programas de formação ou de estágios – iniciativa necessária em
qualquer ciclo económico e importante como complemento da formação académica –
não respondem nem aos anseios nem às necessidades dos jovens que procuram
simplesmente proceder da forma mais natural e expedita possível ao início da
sua vida activa.
Muitas
vezes descrito como factor de insatisfação e de desmotivação, o prolongado adiamento
da entrada (ou do regresso) no mercado de trabalho não constitui apenas factor
de risco social, pois este redundará numa inevitável degradação das capacidades
e da motivação a par com o eclodir dum natural sentimento de revolta. E a
acumulação de sinais dessa revolta é já hoje apontado como o principal motor desta
iniciativa francesa; o que não é referido é o facto da iniciativa não responder
ao verdadeiro cerne do problema: a estagnação económica que mina qualquer
hipótese de crescimento sustentável do emprego.
Tão
demagógico quanto esta “Grande Conferência” é o facto de se continuar a
insistir em políticas contraccionistas decididas a pretexto duma teoria que
privilegia a necessidade do reequilíbrio financeiro dos Estados a expensas das
economias domésticas (a que gera emprego e crescimento sustentado), sufocadas
no espartilho da redução da procura interna, e em cumprimento do dogma do
benefício das exportações, enquanto se negligenciam os seus malefícios bem evidentes
nas elevadas taxas de desemprego (em especial a das camadas mais jovens), no
aumento da emigração, na contínua quebra do PIB (ver a propósito o “post” «PERSPECTIVAS»),
na manutenção dos défices públicos e no aumento da dívida pública. Políticas
que continuam em aplicação e que, asseguram os poderes estabelecidos, estão
para durar…
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