No preciso dia em que finalmente
o ministro Vítor Gaspar anunciou que a «Troika
dá mais um ano para cortar défice e despesa pública», ficámos a
saber, espantados, que o «Governo
agrava previsão de recessão deste ano para 2,3%», voltando a rever metas e
objectivos que ainda há poucos dias jurava exequíveis. Assim, prevê agora que a
«Economia
começa a crescer no quarto trimestre e desemprego pode chegar aos 19%»,
repetindo uma vez e outra a miragem dum crescimento que a conjuntura europeia
contradiz.
Mas o maior espanto
do dia nem sequer foi o anúncio de mais um exercício de contorcionismo
orçamental do governo, antes o de que o «Eurostat
chumba ANA e défice de 2012 sobe». A decisão, esperada por muitos
observadores mas estoicamente ignorada pelo governo, implica que o «Défice
português ficou nos 6,6% em 2012» e que, novamente, se constata uma total
divergência entre os piedosos anúncios do executivo e a verdadeira motivação das
medidas tomadas.
Como tantas vezes
denunciado e sem espanto, o verdadeiro objectivo da política de privatizações
não é a redução de défices ou de despesas, antes a transferência de lucros para
o sector privado, com a criminosa agravante no caso da ANA da alienação total
duma actividade estratégica e potencialmente vital para a segurança nacional
como o é a dos serviços aeroportuários.
E agora, além
da pronta notícia emitida de Bruxelas de que o inefável «Passos
Coelho desdramatiza chumbo da concessão da ANA» ou da pronta declaração do
seu ministro das finanças de que «o
programa de privatizações é para progredir», quem virá ainda a terreno
continuar a defender a imprescindibilidade da medida? O Miguel Relvas?
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