sexta-feira, 15 de março de 2013

ESPANTOS…


No preciso dia em que finalmente o ministro Vítor Gaspar anunciou que a «Troika dá mais um ano para cortar défice e despesa pública», ficámos a saber, espantados, que o «Governo agrava previsão de recessão deste ano para 2,3%», voltando a rever metas e objectivos que ainda há poucos dias jurava exequíveis. Assim, prevê agora que a «Economia começa a crescer no quarto trimestre e desemprego pode chegar aos 19%», repetindo uma vez e outra a miragem dum crescimento que a conjuntura europeia contradiz.


Mas o maior espanto do dia nem sequer foi o anúncio de mais um exercício de contorcionismo orçamental do governo, antes o de que o «Eurostat chumba ANA e défice de 2012 sobe». A decisão, esperada por muitos observadores mas estoicamente ignorada pelo governo, implica que o «Défice português ficou nos 6,6% em 2012» e que, novamente, se constata uma total divergência entre os piedosos anúncios do executivo e a verdadeira motivação das medidas tomadas.

Como tantas vezes denunciado e sem espanto, o verdadeiro objectivo da política de privatizações não é a redução de défices ou de despesas, antes a transferência de lucros para o sector privado, com a criminosa agravante no caso da ANA da alienação total duma actividade estratégica e potencialmente vital para a segurança nacional como o é a dos serviços aeroportuários.

E agora, além da pronta notícia emitida de Bruxelas de que o inefável «Passos Coelho desdramatiza chumbo da concessão da ANA» ou da pronta declaração do seu ministro das finanças de que «o programa de privatizações é para progredir», quem virá ainda a terreno continuar a defender a imprescindibilidade da medida? O Miguel Relvas?

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