quarta-feira, 26 de outubro de 2005

TERRORISMO E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Terminou hoje uma conferência organizada pela Fundação Gulbenkian sobre o tema.

Reunindo um painel internacional de especialistas esta iniciativa poderá ajudar-nos a todos a melhor entendermos o actual fenómeno do terrorismo.

Os vários participantes apresentaram os seus pontos de vista (muitos deles centrados nas diferentes áreas de que são especialistas), podendo sintetizar-se a sua grande maioria numa perspectiva discordante da estratégia implementada pela administração norte americana após o 11 de Setembro de 2001; até um ex-conselheiro de George W Bush, o norte-americano Richard Falkenrath (professor no Brookings Institution) admitiu a existência de erros e de uma incorrecta avaliação de custos e benefícios da intervenção.

Gareth Evans, presidente do Internacional Crisis Group, defendeu que “nada justifica o terrorismo”, afirmou que "é num ambiente desesperado, de pobreza e de desolação que o terrorismo mais facilmente se desenvolve" e concluiu que para combater o extremismo é necessário implementar estratégias de protecção, de policiamento, de política, de paz e psicológicas. Segundo o ex-ministro australiano dos Negócios Estrangeiros é fundamental o desenvolvimento de pensamentos sólidos e fundamentados para um combate eficaz a este fenómeno.

Outro dos conferencistas, Paul Wilkinson, professor da Universidade de St. Andrews e presidente do St. Andrews Center for the Study of Terrorism and Political Violence, que considerou a invasão do Iraque benéfica para a Al-Qaeda por lhe ter proporcionado argumentos de propaganda, de recrutamento e de angariação de fundos, defendeu que os aparelhos judiciais das democracias ocidentais devem ser a principal resposta e nunca uma estratégia como parece ser a dos EUA - prender os terroristas e deitar fora as chaves.

Também Bruno Frey e Simon Luechinger, professores da Universidade de Zurique, defenderam alternativas de combate ao terrorismo em função de custos e benefícios, muito diferente da política de dissuasão escolhida pelos EUA, assentes na tentativa de redução da visibilidade que é essencial aos grupos terroristas da actualidade.

Em poucas palavras, a comunidade internacional de especialistas aponta uma clara necessidade de procura de novas formas de combate a um novo fenómeno – o terrorismo do século XXI – tão global como as economias e os estados que contesta e para a necessidade de novas abordagens ao fenómeno que excluam o princípio de “atirar primeiro e perguntar depois”, tão caro aos “cowboys” de todos os tempos.

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