quinta-feira, 6 de outubro de 2005

NOTÍCIAS DO IRAQUE II

O Iraque continua a dar sinais contraditórios à comunidade internacional.

Enquanto os parlamentares xiitas e curdos parecem ter respondido positivamente aos apelos (e às pressões ocidentais e da ONU) no sentido de abandonarem as alterações à lei eleitoral recentemente votadas e que reduziam drasticamente a capacidade de decisão da comunidade sunita, a tal ponto que estes se preparavam para boicotar o referendo sobre a nova Constituição, que terá lugar no próximo dia 15, as forças americanas continuam a sua estratégia de “limpeza” das zonas tradicionalmente ocupadas pelos sunitas.

A pretexto de erradicar o “terrorismo”, o exército americano tem levado a cabo várias acções em territórios maioritariamente sunitas, isto a poucos dias do referido referendo e num momento em que a tenção entre esta comunidade e a rival xiita se encontra ao rubro.

Já anteriormente aqui referi a possível dualidade de critérios aplicados, bem como o facto desta iniciativa poder configurar senão um processo de limpeza étnica, pelo menos um processo visando uma efectiva redução no número de sunitas que se apresentem nas urnas de voto mediante o seu afastamento físico desses locais.

De isso mesmo nos dá conta uma notícia inserta no Diário de Notícias de hoje:

«O Exército norte-americano anunciou ontem a intensificação das suas acções militares contra os insurrectos nos territórios sunitas do Iraque.

«…» Na Casa Branca, onde se reuniu com o secretário da Defesa e com o general americano responsável pela formação do novo Exército iraquiano, o Presidente George W. Bush expressou a sua satisfação com o envolvimento das tropas de Bagdad nas operações militares em curso e que correspondem a cerca de 30% dos efectivos empregues.

Insatisfeito mostrou-se o presidente do Parlamento iraquiano, o sunita Hajem al-Hassani, ao criticar "o momento" escolhido pelos EUA para actuar na região sunita. "Não somos contra as operações militares, mas o momento escolhido para essas operações é muito importante. As minhas reservas respeitam ao momento, que é inapropriado" por se verificar a poucos dias do referendo. "A situação deve estar calma nessas regiões [sunitas] para que as pessoas possam ir votar", observou o dirigente iraquiano, em visita ao Koweit

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