quarta-feira, 2 de novembro de 2016

OS “ARTISTAS”

A repetição de casos de falsas declarações de habilitações literárias entre a classe política nacional é um sinal de degradação de valores básicos que deveria ser devidamente interpretado e merecer uma reacção adequada, que não a da habitual chicana política onde poder e oposição usam hoje os argumentos que antes contestaram.

A recente demissão de dois membros do governo de António Costa - Rui Roque e Nuno Félix, respectivamente adjunto do gabinete do primeiro-ministro e chefe de gabinete do secretário de Estado da Juventude e Desporto – trouxe inevitavelmente de volta o caso Miguel Relvas – o ministro do governo de Pedro Passos Coelho que obteve um diploma académico graças a um regime especialmente favorável de equivalências – o que motivou o vice-presidente do grupo parlamentar do PSD, Carlos Abreu Amorim, a falar em "artistas" que tentam "pateticamente" comparar as licenciaturas falsas, como se a canhestra mentira dos de agora fosse coisa substancialmente mais grave que a esperteza saloia do seu correlegionário.

No essencial estão bem uns para os outros e casos como estes repetir-se-ão enquanto continuarmos a aceitar de forma pacífica a substituição de valores morais e éticos, como a integridade e o respeito próprio, por valores da moda como a ganância e o primado do sucesso a qualquer preço...


...que estão a minar a credibilidade da própria democracia.

Sem comentários: