quarta-feira, 23 de novembro de 2016

O MESMO ERRO DE SEMPRE

Na sessão de abertura do Fórum Banca 2016, promovido pelo Jornal Económico, o Governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, elencou «Os erros que a banca não pode voltar a cometer», assim sintetizados:
  • excesso de crédito arriscado;
  • concessão de crédito para compra de participações sociais;
  • subavaliação do risco de crédito e maximização da concessão de crédito para obter resultados no muito curto prazo;
  • financiamento de sectores demasiado dependentes da capacidade de endividamento dos clientes;
  • excesso de financiamento a empresas com baixos capitais próprios;
  • demasiado crédito a particulares com elevada exposição ao ciclo económico;
mas pouco ou nada disse sobre a forma de corrigir esses erros. Claro que não deixou de lembrar que «Os bancos “não são uma empresa qualquer”», mas não o afirmou para sustentar o endurecimento das regras de supervisão nem para defender qualquer alteração significativa.


Tal como referi no comentário que fiz a um paper de Carlos Tavares (ver o post «AINDA A ECONOMIA DE CASINO»), repete-se aqui a situação em que a uma avaliação das causas não sucede nenhuma conclusão construtiva, nem sequer uma proposta para a resolução do crédito malparado, que o próprio Banco de Portugal estima em 21 mil milhões de euros.

De forma quase asséptica, Carlos Costa branqueia a responsabilidade dos banksters nacionais (os mesmos que acusa de terem concedido demasiado crédito de alto risco, quando não destinado a meras manobras de concentração accionista, e orientado para ganhos imediatos, ou seja altamente especulativos) e na qualidade de regulador dum sector económico que se arroga um estatuto especial escuda-se atrás do argumento daquele não ser um problema exclusivamente nacional para repetir a táctica de “assobiar para o lado” e sair o melhor possível na “fotografia de família” que perpetuará certamente mais este areópago de especialistas financeiros.

Sem comentários: