Apesar de muito
conhecida a história do jovem pastor que se divertia alarmando os demais com a
ameaça do lobo, parece haver ainda quem insista na ideia de que repetindo um desejo
até à exaustão este acabe por se concretizar.
Desde o
anúncio da formação do actual governo que as figuras (e os figurões...) associados
ao anterior não têm parado de vaticinar o seu fim iminente; assim foi com o
Orçamento para 2016, com a avaliação que dele faria Bruxelas, com as revisões
do rating, com as sanções de
Bruxelas, com... o que quer que seja que sirva para anunciar um vislumbre de
regresso ao modelo de governação assente na “austeridade expansionista” tão
cara aos neoliberais nacionais e europeus.
Assim voltou a
suceder com a revelação da proposta de Orçamento para 2017, que logo que
conhecida dela disse o inefável Marques Mendes que o «OE
2017 é “o princípio do fim da geringonça”», profetizando uma desagregação
da coligação parlamentar mas nem uma referência ao facto daquele poder ser um
orçamento subscrito por qualquer partido social democrata, a par com o anúncio
que a «DBRS
mantém rating de Portugal acima de ‘lixo’ com perspectiva estável».
Já antes
daquele anúncio o NEGÓCIOS deixava
antever que a «DBRS
deverá manter "rating" mas ruído vai voltar», pois esta tem sido
a estratégia recorrente de quem pouco ou nada tem para dizer – como é o caso de
Pedro Passos Coelho (o ex-primeiro ministro e líder do PSD) para quem ora o «Orçamento
é “embuste” que torna austeridade permanente» ora acusa
o Governo de “fanfarronice” e assume que o país “já saiu da emergência”
financeira – contra o actual governo; talvez mais comedido o ECONÓMICO já antecipa que a «“Geringonça”
unida aprova Orçamento», algo que não irá impedir que continuem os
alertas contra o lobo, lançados pelos pedros que continuam a julgar que todos somos
bobos e que ainda se recusam a aceitar que a principal virtude da “geringonça”
montada por António Costa reside no facto de estar a demonstrar que afinal
havia alternativa à tal “austeridade expansionista” que nos venderam como via
única para a nossa existência.
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