Pese embora a
inegável habilidade que António Costa demonstrou ao longo deste último ano
(começando no processo negocial que levou à formação dum inédito governo com
apoio da esquerda parlamentar, passando pela negociação com Bruxelas de
assuntos delicados como o orçamento e a recapitalização da CGD e acabando na
evitável polémica das sanções comunitárias), o muito que se disse e escreveu
sobre o processo de recapitalização da CGD e da nomeação duma nova
administração que procurou por todos os meios eximir-se à obrigação legal de
entregar as obrigatórias declarações de rendimentos e património, acaba por
constituir o único escolho no seu percurso.
A demissão de
António Domingues (o nome escolhido para liderar uma equipa vinda quase exclusivamente
do BPI) tornou-se inevitável e pela sua demora acaba por atirar sobre si uma
responsabilidade que deveria ser distribuída pelo Governo e por uma oposição
que à míngua de capacidade e de motivos acabou por usar o problema para tentar desgastar
o governo de António Costa.
Resta agora
esperar que este desate mais um nó – nomear nova administração – para avaliarmos
até que ponto a real preocupação de PSD e CDS, que enquanto parceiros no
anterior governo forçaram a CGD a vender a sua participação na CIMPOR abaixo do
preço de mercado, assistiram (sem qualquer sinal de preocupação) ao acumular de
prejuízos e a obrigaram a recorrer às ajudas ao abrigo do programa da troika (quando
à evidência o que necessitava era dum aumento de capital), não vai além do velho desejo de ver a CGD
privatizada.
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