Na véspera dumas
eleições americanas que há uma semana pareceram voltar a reanimar as hipóteses e que
davam «Trump
à frente de Clinton. Sondagem dá vantagem de 1% a candidato republicano», quando
dados das últimas horas indicam que «Clinton
lidera sondagens com vantagem de três a quatro pontos» mantém-se em aberto
a expectativa e reacende-se a polémica em torno de anteriores resultados, como
o da eleição em 2000 que opôs o democrata Al Gore ao republicano George W Bush.
Já
em 2012 referia no post «ELEIÇÕES
E FARSAS ELEITORAIS» que “...o farol da democracia mundial tem o
seu presidente eleito por um colégio eleitoral e não pelo voto directo da sua
população. E ocasiões houve em que o candidato eleito pelo colégio foi o que
recebeu menor número de votos dos eleitores (a farsa vai ao pormenor de pôr o
eleitores a votar num candidato quando na realidade estão a eleger os delegados
estaduais ao Colégio Eleitoral), como sucedeu em 1876 quando o candidato
republicano, Rutherford B. Hayes, foi eleito apesar do seu oponente, o
democrata Samuel J. Tilden, ter obtido quase 300.000 votos a mais; novamente em
1888, o candidato democrata Grover Cleveland obteve cerca de 100.000 votos a
mais que o republicano Benjamin Harrison que viria a ser eleito; mas a pior e
mais discrepante situação ocorreu em 2000 quando o democrata Al Gore foi
preterido a favor do republicano George W Bush apesar de ter obtido mais
500.000 votos.
A explicação
para estas discrepâncias resulta da distribuição estadual dos representantes
poder distorcer o somatório de votos individuais dos cidadãos; o facto de todas
as vezes terem sido os candidatos republicanos a beneficiar será meramente
acidental, ainda que no caso de George W Bush nunca se possa esquecer que a
maioria dos membros do tribunal que decidiu a seu favor tenha sido nomeada
durante a presidência de George Bush (pai)”.
Mesmo agora muitos
comentadores e políticos - incluindo o ex-presidente Jimmy Carter – continuam a
acreditar que em 2000 o Supremo Tribunal ofereceu injustamente a eleição a Bush,
numa decisão que muitos classificaram como a pior decisão de sempre daquele órgão
judiciário.
Muitos
liberais também acreditam que o "Brooks Brothers Riot" contra a
recontagem foi uma manobra perpetrada por operacionais republicanos de alto
nível (a própria designação do movimento que se manifestou contra a recontagem
dos votos no Estado da Florida alude a uma conhecida marca de fatos então muito
popular entre os executivos), mas o elefante na sala que a maioria dos
democratas se recusam a admitir é a fraude eleitoral. Isso é estranho, já que
há provas substanciais de que esta tem sido generalizada nos EUA nos últimos
anos.
E não o admitem por todos (Democratas
e Republicanos) beneficiarem duma falsa aparência de eleições livres e justas,
o que pode ser visto como a aceitação do status
quo num sistema de eleições baseadas no poder do dinheiro (em 2008 escrevi
no post «O
QUE REPRESENTAM AS ELEIÇÕES AMERICANAS» que na “...presença de um intrincado processo eleitoral
que normalmente se inicia com mais de um ano de antecedência faz todo o sentido
tentar compreender as razões que sustentam a sua manutenção. Para muitos poderá
servir a invocação da dimensão continental do território da União para
justificar o processo e a sua morosidade, para outros o tradicional gosto
americano pelo espectáculo também terá o seu peso, mas pessoalmente estou em
crer que a real razão para tudo isto é tão somente a necessidade de assegurar a
eleição do candidato certo!
Se não vejamos... que melhor forma haverá para as grandes empresas e os
interesses económicos para assegurar a maior conformação do presidente às suas
“necessidades” que obrigar os candidatos a dispor de colossais meios
financeiros para suportar a realização de duas campanhas eleitorais (as
primárias e a eleição geral) e um sistema eleitoral de por via indirecta?”
(...)
Quem honestamente poderá esperar dos
candidatos que recolheram milhões de dólares de fundos alguma independência
face aos interesses económicos que financiaram as suas campanhas e a eleição?
Pessoalmente apenas conheço outro mecanismo mais eficaz para assegurar a
impossibilidade de alguém ser eleito fora deste circuito de interesses – a
ascensão ao poder por via hereditária ou mediante o recurso ao poder militar)
e, sabendo que o país regista uma taxa habitual de abstenção entre os 55% e os
60%, numa tentativa para não minar ainda mais a confiança dos eleitores no
processo "democrático" americano.
Assim, as eleições
nos EUA (como a de amanhã) continuarão a apresentar-se como uma oportunidade
igual para ambas as partes manterem uma farsa democrática nacional em que o
dinheiro conta mais do que a verdade, ou, numa visão mais cínica, porque quer a
“liderança” democrática quer a republicana acreditam poder bater o “adversário”
numa eventual trafulhice eleitoral semelhante à de 2000.
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