A propósito
dos recentes acontecimentos registados em países europeus, como a França e a
Alemanha, e na Turquia (que por acidente geográfico é um pouco europeia), que
levaram à instauração, parcial ou total, do estado de emergência, António
Barreto aproveita para dizer que esta é a maior e «A
pior crise» da Europa desde o final da II Guerra Mundial, avançando com
inegáveis argumentos, como sejam: o alastramento do terrorismo e do medo que
gera; a fragilidade duma unidade política agravada pelo fraco crescimento
económico e pelas altas taxas de desemprego; a elevada tensão com a vizinha
Rússia, a crescente pressão migratória vinda do Sul e do Médio Oriente, agora
agravada pelo “turbilhão turco”; o “brexit” e a deslocação do “interesse
americano” para o Oceano Pacífico, mas esquecendo aquela que parece a mais
evidente explicações para este avolumar de “catástrofes”: a crise sistémica
global, despoletada a partir de 2008 com a revelação da fragilidade do sistema
financeiro global.
A revelação da
inconsistência duma economia global de casino, desenvolvida por uma elite de “banksters” e de mega-ricos especuladores
com o apoio duma classe de políticos que por comodidade ou pura ignorância
alinharam no dogma da “infalibilidade dos mercados”, fragilizou todo o tecido
económico e social dum sistema capitalista há muito anquilosado e marcou o
início da fase de entropia.
A sua substituição
é tão inexorável quanto o foi a do “ancien regime” feudal ou a queda do
Império Romano e dispersar as atenções pelas crises subsidiárias (as que mais
interesse continuam a despertar numa comunicação social também ela rendida aos
dogmas dos mercados) apenas contribuirá para agravar os custos económicos e
sociais que já suportamos; adiando o inevitável não contribuímos nem para a
solução nem para a mitigação dos seus custos.
O regresso à
execução de políticas em prol do interesse-geral, em detrimento do interesse
particular dos “banksters”, deverá
ser o suficiente para assegurar a recuperação dum crescimento económico
centrado na esfera produtiva e não na especulativa e a única via para o
restabelecimento da confiança dos cidadãos em novas lideranças políticas, que
no caso europeu deverão ainda assegurar, prioritariamente, a coesão entre os
estados e investir fortemente em três linhas: reformulação da moeda-única no
sentido de transformar o BCE no principal financiador dos estados; criação do
exército único europeu e reorientação da sua política externa no sentido da
defesa dos interesses europeus; simplificação da estrutura e do ordenamento
legislativo comunitário.
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