As comemorações
de mais um 14 de Julho, em França, ficaram tristemente assinaladas por um
atentado; desta vez numa pequena cidade do sul, em Nice, onde um camião
irrompeu por uma multidão de pessoas que assistia ao tradicional fogo de
artifício que assinalava a chegada do dia nacional francês, originando mais de
oito dezenas de mortos e de uma centena de feridos.
Este foi o
quadro geral com que os meios de comunicação divulgaram um atentado que algumas
horas depois já começava a ser noticiado de forma bem mais integrada numa
agenda política francesa cada vez mais ditada pela Front National, quando até o EXPRESSO se lhe referiu como «Forte
polémica e perguntas sem resposta a seguir ao massacre de Nice» e todos
ficámos a saber que Christian Estrosi – político republicano, antigo maire de
Nice e presidente desta região do sudeste de França, acusado do envolvimento em
dois casos de fraude e apropriação de fundos públicos e condenado por difamação
– teria manifestado ao presidente François Hollande, precisamente na véspera e
na sequência do anúncio do levantamento próximo do estado de emergência que
vigorava desde os atentados de Paris, a necessidade de reforço dos meios de
segurança.
A tudo isto se
deve ainda juntar o facto de continuar ao rubro a polémica sobre as mudanças
nas leis eleitorais e da contestação sindical associada só não ter sido tratada
como actividade terrorista (quando o governo socialista de Manuel Valls tentou
proibir uma manifestação sindical) graças ao repúdio generalizado da ideia e que
em próximas ocasiões poderá não beneficiar já da mesma reacção, para
concluirmos que o atentado de Nice pode constituir muito mais que uma mera
acção de radicais islâmicos (aliás, ainda não reivindicada), porque mesmo
apresentando um modus operandi
habitual àqueles grupos parece muito mais enquadrada numa agenda visando a
prorrogação do estado de emergência e a limitação às liberdades fundamentais dos
franceses.
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