quinta-feira, 26 de novembro de 2015

ONDE PÁRA A LIBERDADE, IGUALDADE E FRATERNIDADE?

A par com as questões ligadas a hipotéticas justificações para os atentados de 13 de Novembro outras devem ser formuladas a propósito do inexplicável fracasso dos serviços de informação e contra-informação europeus e duma óbvia deriva securitária que parece ganhar terreno no dia-a-dia, dos cidadãos.

A rápida instauração do estado de emergência decidida por François Hollande, foi imediatamente mimetizada pelo governo tunisino na sequência de mais um atentado em Tunes, no que configura um “modus operandi” a repetir na primeira ocasião.

Quando a resposta a actos terrorista por parte do governo dum estado democrático assume a aplicação do estado de emergência por um período de três meses, pode (e deve) colocar-se a óbvia questão: a quem serve a solução?

A limitação de direitos e liberdades servem os cidadãos ou os interesses por detrás das acções terroristas?

A ligeireza (e o silêncio generalizado) com que o governo francês descartou o seu histórico lema – Liberdade, Igualdade e Fraternidade – em resposta a uma situação que deveria ter enfrentado com outros meios, revelam, mais que o desnorte dos governantes, o que parece ser um aproveitamento da situação no sentido de coarctar direitos e liberdades que lhes deveriam ser sagrados.


O debate sobre actuações alternativas ficou desde logo inquinado e os meios de comunicação (os tais que se deviam apresentar na primeira linha da defesa das liberdades dos cidadãos) têm concentrado a sua atenção nos pormenores policiais da perseguição aos fugitivos (qual filme policial de muito fraca qualidade) e pouca ou nenhuma sobre os malefícios da solução ou sobre a ineficácia (mais uma) dos mecanismos europeus de protecção e segurança.

Uma ou outra abordagem tímida à falta de comunicação e coordenação entre os serviços de informação dos estados-membro da UE, ou a referência à opção pelo corte de cooperação entre os serviços de informação franceses e sírios (a notícia foi difundida em França pela revista VALEURS ACTUELLES, numa entrevista a Bernard Squarcini, o ex-patrão das secretas francesas) passa ao lado da generalidade dos meios de informação, globalmente mais preocupados com as implicações associadas à vaga de imigrantes oriundos do Médio Oriente.

Em tempos conturbados, como os que atravessamos, o debate de ideias e alternativas deveria ganhar nova dimensão e maior importância, mesmo quando a motivação das fontes possam (e devam) ser questionadas – como é o caso da referência às declaração dum notório sarkozista em vésperas de mais uma campanha eleitoral –, mas o que seguramente voltaremos a assistir será à redução do debate ao tradicional conjunto de ideias feitas e à propagação de slogans a favor e contra o acolhimento dos refugiados.

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