A par com as
questões ligadas a hipotéticas justificações para os atentados de 13 de
Novembro outras devem ser formuladas a propósito do inexplicável fracasso dos
serviços de informação e contra-informação europeus e duma óbvia deriva
securitária que parece ganhar terreno no dia-a-dia, dos cidadãos.
A rápida
instauração do estado de emergência decidida por François Hollande, foi imediatamente
mimetizada pelo governo tunisino na sequência de mais um atentado em Tunes, no
que configura um “modus operandi” a
repetir na primeira ocasião.
Quando a
resposta a actos terrorista por parte do governo dum estado democrático assume
a aplicação do estado de emergência por um período de três meses, pode (e deve)
colocar-se a óbvia questão: a quem serve a solução?
A limitação de
direitos e liberdades servem os cidadãos ou os interesses por detrás das acções
terroristas?
A ligeireza (e
o silêncio generalizado) com que o governo francês descartou o seu histórico
lema – Liberdade, Igualdade e Fraternidade – em resposta a uma situação que
deveria ter enfrentado com outros meios, revelam, mais que o desnorte dos
governantes, o que parece ser um aproveitamento da situação no sentido de
coarctar direitos e liberdades que lhes deveriam ser sagrados.
O debate sobre
actuações alternativas ficou desde logo inquinado e os meios de comunicação (os
tais que se deviam apresentar na primeira linha da defesa das liberdades dos
cidadãos) têm concentrado a sua atenção nos pormenores policiais da perseguição
aos fugitivos (qual filme policial de muito fraca qualidade) e pouca ou nenhuma
sobre os malefícios da solução ou sobre a ineficácia (mais uma) dos mecanismos
europeus de protecção e segurança.
Uma ou outra
abordagem tímida à falta de comunicação e coordenação entre os serviços de
informação dos estados-membro da UE, ou a referência à opção pelo corte de
cooperação entre os serviços de informação franceses e sírios (a notícia foi
difundida em França pela revista VALEURS
ACTUELLES, numa entrevista
a Bernard Squarcini, o
ex-patrão das secretas francesas) passa ao lado da generalidade dos meios
de informação, globalmente mais preocupados com as implicações associadas à
vaga de imigrantes oriundos do Médio Oriente.
Em tempos
conturbados, como os que atravessamos, o debate de ideias e alternativas
deveria ganhar nova dimensão e maior importância, mesmo quando a motivação das
fontes possam (e devam) ser questionadas – como é o caso da referência às
declaração dum notório sarkozista em vésperas de mais uma campanha eleitoral –,
mas o que seguramente voltaremos a assistir será à redução do debate ao
tradicional conjunto de ideias feitas e à propagação de slogans a favor e contra o acolhimento dos refugiados.
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