É claro que
mais que o atentado no Líbano, que se saldou em «Dezenas
de mortos e cerca de 200 feridos em duplo atentado em Beirute», foi o
perpetrado em Paris que trouxe para a primeira linha dos discursos políticos a
questão do combate ao terrorismo.
Comentou-se a
dimensão da carnificina, quando ao final de poucas horas se fazia um balanço
dizendo que «Atentados
fizeram 129 mortos e centenas de feridos», os motivos e a forma de actuação,
ficando geralmente esquecida a referência à evidente dificuldade de ligação
entre os serviços de informação dos diferentes estados-membros da UE (algo que
nem se estranha quando vemos tudo o resto que não funciona), especialmente depois
de conhecido que o planeamento da operação e a origem dos terroristas foi a
vizinha Bélgica.
Numa UE que
nunca quis abordar a problemática da união política ou da união militar e onde
nem sequer a moeda única consegue funcionar sem sobressaltos seria de esperar
algo de diferente?
E o discurso do
presidente francês, anunciando a retaliação sobre o Daesh, conhecerá algum
efeito, além da subida do número de vítimas colaterais? e o rápido anúncio de
que «Hollande
quer unir Rússia e EUA para derrotar jihadistas» terá algum efeito prático?
Com ou sem
crise económica nunca a UE se apresentou com a firme intenção de constituir
mais que uma zona de comércio livre; a indispensável afirmação geoestratégica
do maior mercado mundial tem sido encarada por políticos (antigos e actuais)
sem visão nem convicções, ao sabor do momento e das conveniências dos
“mercados”.
Os anteriores
atentados em Madrid e Londres pouco alteraram esta situação e agora, depois de
Paris anuncia-se a suspensão do acordo de livre circulação e a intensificação
dos bombardeamentos sobre os territórios controlados pelo Daesh, mas nada que
represente a menor alteração sobre a forma como a Europa tem encarado fenómeno
da radicalização islamita, sobre o fracasso das políticas de assimilação social
(a generalidade dos extremistas são cidadãos europeus) ou até sobre a
influência da crise de valores que atravessamos. Faltam empregos e perspectivas
de vida para os jovens enquanto abundam os “negócios”, falta solidariedade entre
os estados e os cidadãos mas nunca os meios financeiros para acorrer aos bancos
e aos banqueiros.
Em resumo
faltam líderes políticos enquanto abundam os “gestores de negócios”… e assim
não iremos longe, como escreveu Pedro Tadeu, hoje no DN:
«Vamos
para a guerra mas não vamos ganhar», do mesmo modo que não estamos a ganhar
a “guerra” do crescimento nem a do bem-estar.
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