quarta-feira, 16 de setembro de 2015

PÍFIA RESPOSTA

Como já era de prever a cimeira europeia convocada para debater o problema dos refugiados conclui-se sem qualquer acordo para a distribuição de cerca de 120 mil refugiados.

Os insignes representantes dos 28 estados europeus não chegaram a qualquer acordo, salvo o de voltar a debater a questão daqui a uns dias. Repetindo a esgotada estratégia da avestruz mergulharam as cabeças no pântano da indiferença e adiaram para uma próxima reunião um problema cuja solução ultrapassou há muito a estiolada capacidade de resolução duma UE a braços com a sua própria ineficiência.

Mergulhados na sua própria vacuidade, os ministros europeus mais não fizeram que reproduzir o comportamento do presidente da Comissão Europeia, desaparecido em pleno auge duma crise de abrangência múltipla.


Juncker não revelou apenas a sua inutilidade pessoal, tanto quanto a da função que desempenha e que o seu antecessor, o inefável Durão Barroso, já conduzira além das fronteiras da nulidade, nas também o completo vazio de estratégia numa Europa há muito abandonada ao sabor de ventos e marés.

Manifestações de apoio ou de repúdio ao acolhimento dos refugiados, em consonância ou em divergência com os tratados e acordos internacionais que há muito definiram o conceito e a forma de tratamento daqueles que buscam refúgio de guerras e outras formas de conflito, multiplicam-se num teatro europeu dilacerado por uma crise económica, financeira e social que resiste às piedosas intenções dos arautos do neoliberalismo austeritário e que mais não faz que amplificar o já debilitado sentido da solidariedade humana. Alimentados por uma crise cujos contornos ignoram, esgrimem-se argumentos que se aproximam perigosamente da mais reles xenofobia, esquecendo que o número de refugiados que dizem assemelhar-se a uma vaga que poderá subverter o “espírito cristão” da Europa não atinge 1% da população europeia.

Assim, tergiversando entre as naturais dificuldades criadas pela necessidade de acolhimento dumas centenas de milhares de refugiados (agravadas pela situação de estagnação da economia da Zona Euro) e os receios do efeito político gerado pelos sectores mais nacionalistas, a UE e os seus impreparados dirigentes continuam a optar pela política do adiamento que não resolve o problema nem ensaia qualquer estratégia que vise a actuação nos locais de origem dos refugiados. Optando pelo encerramento das fronteiras procuram esconder a situação e retirar dividendos políticos na ordem interna, enquanto escamoteiam o facto de integrarem o grupo dos principais fornecedores de armamento aos beligerantes ou o de falharem na indispensável opção de integrarem os estados árabes, vizinhos directos do conflito como a Arábia Saudita e os Emiratos Árabes, na óbvia solução de acolhimento de quem procura santuário num conflito que poderá durar ainda muito tempo.

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