Como já era de
prever a cimeira europeia convocada para debater o problema dos refugiados
conclui-se sem qualquer acordo para a distribuição de cerca de 120 mil
refugiados.
Os insignes
representantes dos 28 estados europeus não chegaram a qualquer acordo, salvo o
de voltar a debater a questão daqui a uns dias. Repetindo a esgotada estratégia
da avestruz mergulharam as cabeças no pântano da indiferença e adiaram para uma
próxima reunião um problema cuja solução ultrapassou há muito a estiolada capacidade
de resolução duma UE a braços com a sua própria ineficiência.
Mergulhados na
sua própria vacuidade, os ministros europeus mais não fizeram que reproduzir o
comportamento do presidente da Comissão Europeia, desaparecido em pleno auge
duma crise de abrangência múltipla.
Juncker não
revelou apenas a sua inutilidade pessoal, tanto quanto a da função que
desempenha e que o seu antecessor, o inefável Durão Barroso, já conduzira além
das fronteiras da nulidade, nas também o completo vazio de estratégia numa
Europa há muito abandonada ao sabor de ventos e marés.
Manifestações
de apoio ou de repúdio ao acolhimento dos refugiados, em consonância ou em
divergência com os tratados e acordos internacionais que há muito definiram o
conceito e a forma de tratamento daqueles que buscam refúgio de guerras e
outras formas de conflito, multiplicam-se num teatro europeu dilacerado por uma
crise económica, financeira e social que resiste às piedosas intenções dos
arautos do neoliberalismo austeritário e que mais não faz que amplificar o já
debilitado sentido da solidariedade humana. Alimentados por uma crise cujos
contornos ignoram, esgrimem-se argumentos que se aproximam perigosamente da
mais reles xenofobia, esquecendo que o número de refugiados que dizem assemelhar-se
a uma vaga que poderá subverter o “espírito cristão” da Europa não atinge 1% da
população europeia.
Assim,
tergiversando entre as naturais dificuldades criadas pela necessidade de acolhimento
dumas centenas de milhares de refugiados (agravadas pela situação de estagnação
da economia da Zona Euro) e os receios do efeito político gerado pelos sectores
mais nacionalistas, a UE e os seus impreparados dirigentes continuam a optar
pela política do adiamento que não resolve o problema nem ensaia qualquer estratégia
que vise a actuação nos locais de origem dos refugiados. Optando pelo
encerramento das fronteiras procuram esconder a situação e retirar dividendos
políticos na ordem interna, enquanto escamoteiam o facto de integrarem o grupo
dos principais fornecedores de armamento aos beligerantes ou o de falharem na
indispensável opção de integrarem os estados árabes, vizinhos directos do
conflito como a Arábia Saudita e os Emiratos Árabes, na óbvia solução de
acolhimento de quem procura santuário num conflito que poderá durar ainda muito
tempo.
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