Não será
demais lembrar, na conclusão desta curta reflexão sobre a dura realidade vivida
pelas sociedades do século XXI, que o problema do emprego (ou da sua
inexistência) é mais que uma consequência directa duma qualquer crise
económica. Na sua actual dimensão (aquela que as populações sentem e não a
transmitida pelas estatísticas oficiais que escamoteiam os largos milhares que
emigraram, os inactivos que desejam trabalhar e que não são considerados nas
estatísticas, os não trabalham a tempo inteiro, os que estão em formações ou em
estágios sem futuro), é consequência dum modelo económico orientado com fito
exclusivo da maximização do lucro individual em detrimento do ganho colectivo.
Nem durante o
apogeu da Revolução Industrial o processo de acumulação de capital terá sido
tão desumano, pois se a exploração laboral e a situação social de quem então
vendia a força de trabalho não eram de invejar, os da actualidade sofrem o
acréscimo de constituir uma das gerações melhor preparadas e a infâmia de se
verem arredados do futuro que lhes prometeram.
Pior que
condenar um geração inteira a estiolar por falta de trabalho compatível com o
seu nível de formação é esta estar perfeitamente ciente que na sua maioria conhecerá
piores condições de vida que as das gerações que a antecederam. O drama estará
tanto no reconhecimento desta situação como no crescente grau de insatisfação
desses jovens, facto que contribuirá para o agravamento das tensões sociais e
será já um importante factor para a radicalização daqueles que buscam em
quimeras, como a do Estado Islâmico, as soluções que as sociedades que os
criaram e formaram lhes recusam.
Atentem nos
crescentes sinais de instabilidade social, ponderem-nos sob uma perspectiva que
não a dos noticiários sensacionalistas e concluirão que o pior está já a
desabar sobre todos nós.
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