terça-feira, 8 de setembro de 2015

PARA A DISCUSSÃO DE UM NOVO PARADIGMA – PARTE III

Não será demais lembrar, na conclusão desta curta reflexão sobre a dura realidade vivida pelas sociedades do século XXI, que o problema do emprego (ou da sua inexistência) é mais que uma consequência directa duma qualquer crise económica. Na sua actual dimensão (aquela que as populações sentem e não a transmitida pelas estatísticas oficiais que escamoteiam os largos milhares que emigraram, os inactivos que desejam trabalhar e que não são considerados nas estatísticas, os não trabalham a tempo inteiro, os que estão em formações ou em estágios sem futuro), é consequência dum modelo económico orientado com fito exclusivo da maximização do lucro individual em detrimento do ganho colectivo.

Nem durante o apogeu da Revolução Industrial o processo de acumulação de capital terá sido tão desumano, pois se a exploração laboral e a situação social de quem então vendia a força de trabalho não eram de invejar, os da actualidade sofrem o acréscimo de constituir uma das gerações melhor preparadas e a infâmia de se verem arredados do futuro que lhes prometeram.


Pior que condenar um geração inteira a estiolar por falta de trabalho compatível com o seu nível de formação é esta estar perfeitamente ciente que na sua maioria conhecerá piores condições de vida que as das gerações que a antecederam. O drama estará tanto no reconhecimento desta situação como no crescente grau de insatisfação desses jovens, facto que contribuirá para o agravamento das tensões sociais e será já um importante factor para a radicalização daqueles que buscam em quimeras, como a do Estado Islâmico, as soluções que as sociedades que os criaram e formaram lhes recusam.

Atentem nos crescentes sinais de instabilidade social, ponderem-nos sob uma perspectiva que não a dos noticiários sensacionalistas e concluirão que o pior está já a desabar sobre todos nós.

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