terça-feira, 13 de maio de 2014

REMORSOS

Foi notícia nos últimos dias a afirmação de que as «Ajudas a Portugal e Grécia foram resgates aos bancos alemães», produzida por Philippe Legrain e que serviu de título a uma entrevista ao PUBLICO a propósito da publicação do seu mais recente livro: “European Spring: Why our Economies and Politics are in a mess”.

O autor – economista de formação e ex-conselheiro principal do presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, entre Fevereiro de 2011 e Fevereiro de 2014, era conhecido principalmente pela sua ligação à London School of Economics e pelas suas posições em defesa da globalização, expressas na obra “Open World: The Truth about Globalisation”, na qual explanou argumentos contra os críticos da globalização em geral e de Naomi Klein (a autora de “No Logo” e de “A Doutrina do Choque: a Ascensão do Capitalismo de Desastre”) em particular – defende que a gestão da crise da dívida denominada em euros foi totalmente inepta, errada e irresponsável, posição que apenas poderá espantar quem desde 2008 se tenha recusado a procurar outras fontes de análise e informação que não as oficiais ou vinculadas aos interesses dominantes.

Seria fastidioso repetir aqui as vezes que formulei idêntica avaliação ou citei outros bem mais abalizados que eu para o fazerem, por isso hoje deixo apenas uma questão que me suscitou a leitura da notícia: se a discordância com as políticas seguidas pela UE era tão grande porque é que Legrain esperou até à consumação da desgraça para vir a público afirmar as suas discordâncias?


…e serão remorsos o que o leva a apelar a uma “primavera europeia” para combater o extremismo instalado à sombra do desespero e da desilusão que ajudou a instalar com o seu silêncio?

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