sábado, 17 de maio de 2014

ESTADOS DE ESPÍRITO

A recente publicação duma estimativa rápida do INE sobre as contas nacionais, antevendo que a «Economia contrai pela primeira vez em quatro trimestres», era algo que, para os lados da Lapa e do Caldas e em vésperas de eleições, se dispensava perfeitamente, em especial quando a notícia de que a «Economia arrefece com paragens na Galp e na Autoeuropa» representa um rude golpe na muito propalada excelência do sector exportador nacional.

É claro que para aumentar a confusão o PUBLICO preferiu aludir às taxas homólogas e dizer que o «Investimento impulsiona crescimento económico de 1,2% no primeiro trimestre», quando na realidade a «Economia deverá ter crescido 0,4% no 1.º trimestre», comparativamente com o período anterior (valor inferior ao que o INE apresentou em Fevereiro quando anunciou que «Portugal cresce 0,5% no quarto trimestre» de 2013), mas o que deveria preocupar especialmente os conselheiros e estrategas da “austeridade expansionista” são os sinais de que o optimismo oficial poderá ter os dias contados, transmitidos pela notícia de que a «Poupança recua para mínimos de 2011 e malparado bate recordes» e reforçado pela informação do EUROSTAT de que a «Zona Euro cresce metade do esperado com estagnação em França e contracção em Itália».


A informação agora difundida pelo INE virá reforçar o estado de espírito de vastos sectores da opinião pública, que há muito deixaram de se identificar com o discurso oficial, tanto mais que continuam sem sentir melhorias significativas no seu dia-a-dia e em especial o das camadas mais jovens, cuja situação continua inalterável quando «Portugal é o terceiro país da OCDE com mais desemprego entre os jovens» e enquanto persistirem em lhes roubar as mais elementares perspectivas de futuro. A isto junta-se ainda a confirmação, se preciso fosse, que o «Efeito da austeridade no consumo conduz economia francesa a estagnação inesperada» o que, confirmando a relevância do consumo interno para o crescimento sustentado das economias, em nada ajuda a formulação de grandes expectativas.

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