Depois de em
2011 a justiça alemã ter condenado dois ex-gestores da Ferrostaal por suborno
no negócio da venda de submarinos à Grécia e a Portugal (ver
notícia da época no PUBLICO) e de em Março de 2013 ter sido o «Ex-ministro da Defesa grego condenado a oito anos de
prisão por corrupção» (em Outubro do mesmo ano seria o
mesmo «Ex-ministro da Defesa grego condenado a 20 anos de
prisão» num processo de branqueamento de
capitais), só agora em Portugal se prepara um inquérito parlamentar para
investigar os envolventes dum negócio onde pontificaram aqueles ex-gestores da
Ferrostaal e membros dum governo PSD/CDS cujo ministro da Defesa era Paulo
Portas, o actual número dois do governo de Passos Coelho.
Esta comissão deveria esclarecer
definitivamente todas as dúvidas que continuam a envolver a aquisição dos
equipamentos, incluindo a famigerada questão das contrapartidas que parece
nunca terem sido cumpridas, o pior é que logo à partida a validade do resultado
foi ferida de morte quando a presidência da comissão de inquérito foi entregue
ao partido de Paulo Portas.
Poderemos estar perante uma formalidade absolutamente legal e respeitadora dos trâmites parlamentares e dos demais acordos entre os grupos políticos, o que ninguém poderá esperar é que apresentadas as conclusões não permaneçam dúvidas sobre a respectiva fiabilidade, porque se Telmo Correia (o probo indigitado presidente da comissão) quisesse evitar a óbvia desconfiança nunca deveria aceitar semelhante incumbência que envolve suspeitas directas sobre o líder do seu partido.
Desiluda-se
porém, quem pense que esta situação de claro conflito de interesses se trata de
caso inédito, pois outros poderiam ser recordados, como aquele onde «Rui Machete presidiu a comissão de inquérito que
ilibou Oliveira Costa de fraude fiscal», como prova de que a
ética continua a ser um valor estranho aos frequentadores de São Bento.
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