A decisão onde o «Tribunal Constitucional chumba requalificação da função pública» proposta pelo governo de Passos Coelho foi objecto de pronta notícia, mas talvez nem sempre da melhor forma.
É claro que se de pronto houve quem parodiasse a situação…
…também houve quem assegurasse que o Tribunal «Constitucional trava despedimentos na Função Pública» ou quem melhor noticiasse a decisão, salientando que aquele tribunal se pronunciou no sentido de «Redução de efectivos sim, mas não através desta lei».
Outras leituras
houve, além das óbvias que foram corporizadas pelas confederações sindicais –
com a «UGT
congratula-se com chumbo da nova mobilidade especial»
ou a «CGTP
salienta que Governo viu terceiro "cartão vermelho" e deve cair» –,como
aquela onde o «PS
acusa Governo de não saber conviver com a Constituição», mas o que quero
destacar é o conjunto de manchetes do ECONÓMICO
que começando por afirmar que o Tribunal «Constitucional
proíbe Governo de despedir na função pública» continua dizendo que a
decisão foi tomada com «Quatro
dos sete juízes indicados pelo PS» enquanto omite que a mesma foi aprovada
por seis dos sete juízes que a apreciaram.
Esquecendo
ostensivamente que na apresentação do acórdão o Presidente do Tribunal
Constitucional deixou bem claro que o colectivo não se pronunciou sobre a
constitucionalidade dos despedimentos na função pública mas sim sobre o teor da
proposta do governo – dum governo que, recorde-se, nunca conseguiu apresentar
um Orçamento Geral do Estado que não estivesse ferido de inconstitucionalidades
– quanto aos mecanismos para requalificação/redução da mão-de-obra no sector
público e não hesitando em inflamar os ânimos sobre uma questão que o próprio
Passos Coelho já admitira no discurso do Pontal tratar-se de matéria
susceptível daquela decisão.
O que
realmente pairou no ar foi a efectiva razão para a arriscada opção política de
voltar a ver o Tribunal Constitucional chumbar um diploma do governo; poderemos
estar a assistir não à mera teimosia dum “aluno cábula” mas antes a uma estratégia
de pura vitimização que espera colher frutos junto duma opinião pública
desinformada (obrigado ONGOING/ECONÓMICO) e dum eleitorado mais “sentimental”
ou, como indica a pronta reacção onde «Passos
Coelho admite segundo resgate a Portugal», ao puro oportunismo de atribuir
o inevitável (ver a propósito o “post”
«INCONSCIÊNCIA»)
segundo resgate à decisão do Tribunal Constitucional, esquecendo
deliberadamente que esta só aconteceu pela exclusiva responsabilidade de quem parece
incapaz de respeitar as regras constitucionais.
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