A retoma da actividade política nacional, habitualmente assinalada com as
“universidades de Verão” dos partidos do centrão, foi este ano marcada pela
notícia que «Governo
e FMI usam dados deturpados sobre cortes salariais» reabrindo o
debate em torno das políticas de austeridade.
Não bastando a imagem de amadorismo que tudo isto transmite, o que
ressalta desta situação é a óbvia constatação que «Dados
incompletos justificam estratégia de cortes salariais», a par com
a não menos grave confirmação de que o actual Governo da República tem uma
postura de completa subserviência a interesses externos. Até a canhestra
desculpa onde «Governo
nega deturpação de dados sobre salários e empurra responsabilidades para FMI» confirma que aqueles a quem os
eleitores nacionais confiaram a tarefa de defesa dos seus interesses são passam
afinal de títeres subservientes.
Pior, admitindo que, como assegura o Ministério da Solidariedade, Emprego e Segurança
Social, os dados
fornecidos corresponderam exactamente ao que foi solicitado pelo FMI, então não
apenas este organismo de especialistas confirma que a verdadeira razão da sua
existência (e das políticas que propugna) é outra bem diversa da publicamente
anunciada “ajuda aos países em dificuldades” – a prática comprovada é a de que o
objectivo será o de destruir os tecidos económicos para facilitar a implantação
dos interesses dos capitais transnacionais –, como se comprova que a atitude do
governo de Passos Coelho já ultrapassou os limites da subserviência enquanto
continua a tropeçar em sucessivas afirmações e desmentidos.
Em São Bento já não responde apenas à voz do dono; agora, suprema ironia
dos escravizados, já se antecipam os desejos dos “patrões” e se acorre a
satisfazê-los em zelo e excesso. Talvez Passos Coelho ambicione vir a ser
reconhecido como mais do que um “bom aluno”, mas sempre lhe recordo que depois
do fracassado consulado europeu do “homem que serviu os cafés na Cimeira dos
Açores” as suas hipóteses são diminutas e mais facilmente lhe estará reservado
um canto obscuro que a ribalta da ilusão do poder.
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