quarta-feira, 4 de setembro de 2013

MISÉRIA NACIONAL


A retoma da actividade política nacional, habitualmente assinalada com as “universidades de Verão” dos partidos do centrão, foi este ano marcada pela notícia que «Governo e FMI usam dados deturpados sobre cortes salariais» reabrindo o debate em torno das políticas de austeridade.

Não bastando a imagem de amadorismo que tudo isto transmite, o que ressalta desta situação é a óbvia constatação que «Dados incompletos justificam estratégia de cortes salariais», a par com a não menos grave confirmação de que o actual Governo da República tem uma postura de completa subserviência a interesses externos. Até a canhestra desculpa onde «Governo nega deturpação de dados sobre salários e empurra responsabilidades para FMI» confirma que aqueles a quem os eleitores nacionais confiaram a tarefa de defesa dos seus interesses são passam afinal de títeres subservientes.

Pior, admitindo que, como assegura o Ministério da Solidariedade, Emprego e Segurança Social, os dados fornecidos corresponderam exactamente ao que foi solicitado pelo FMI, então não apenas este organismo de especialistas confirma que a verdadeira razão da sua existência (e das políticas que propugna) é outra bem diversa da publicamente anunciada “ajuda aos países em dificuldades” – a prática comprovada é a de que o objectivo será o de destruir os tecidos económicos para facilitar a implantação dos interesses dos capitais transnacionais –, como se comprova que a atitude do governo de Passos Coelho já ultrapassou os limites da subserviência enquanto continua a tropeçar em sucessivas afirmações e desmentidos.


Em São Bento já não responde apenas à voz do dono; agora, suprema ironia dos escravizados, já se antecipam os desejos dos “patrões” e se acorre a satisfazê-los em zelo e excesso. Talvez Passos Coelho ambicione vir a ser reconhecido como mais do que um “bom aluno”, mas sempre lhe recordo que depois do fracassado consulado europeu do “homem que serviu os cafés na Cimeira dos Açores” as suas hipóteses são diminutas e mais facilmente lhe estará reservado um canto obscuro que a ribalta da ilusão do poder.

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