Tantas têm sido as trapalhadas e os “casos” com cheiro a esturro que
regularmente vêem a lume, e nem sequer estou a estabelecer o paralelismo pela
parceria com Paulo Portas, que cada vez mais o governo liderado por Passos
Coelho se assemelha aos tempos em que Santana Lopes passou por São Bento.
Depois do recuo na proposta da alteração da TSU e da tardia saída de
Miguel Relvas, depois da demissão irrevogável de Paulo Portas se ter
transformado na sua promoção a vice-primeiro-ministro e da saída de Vítor Gaspar ter sido colmatada com a promoção da secretária de estado que esteve no
cerne do imbróglio da informação sobre os contratos de “swap”, não sem que antes tenham sido demitidos alguns membros do
governo por em tempos terem subscritos alguns daqueles “swaps”, seria de esperar que os intervenientes revelassem alguma
sensatez e tacto político que minimizasse a repetição daquele tipo de episódios.
A realidade, porém, revela-se bem diversa. Fosse outra a natureza de quem
nos governa e talvez não estivéssemos a assistir a uma reedição da “estória” em
torno da informação sobre os contratos de “swap”,
com a agora ministra das Finanças de novo no centro duma teia de meias verdades
e de mentiras despudoradas, depois do ex-administrador da Estradas de Portugal,
Almerindo Marques, ter afirmado que aquela, enquanto técnica do IGCP, aprovara
a contratação de “swaps” especulativos.
Ao veemente desmentido do ministério das Finanças («Finanças
desmentem Almerindo Marques sobre papel de Albuquerque no IGCP») respondeu o DN dizendo que «Relatório do Tesouro indica que ministra
aceitou 'swap'»,
comprometendo novamente (um
resumo deste historial pode ser lido na notícia do PUBLICO: «A
ministra e os swaps: polémicas, omissões e acusações») a credibilidade de Maria Luís Albuquerque, questão é tanto mais grave – e como tal deve ser
encarada – quanto envolve particularmente o primeiro-ministro.
Diga-se em
abono da verdade que o que poderia ser classificado como mais um descuido
(novamente a ministra usa meias verdades para esconder algumas meias mentiras)
deve-se não apenas ao perfil de Maria Luís Albuquerque mas ao que pode ser
estendido a uma plêiade de arrivistas, nas palavras que utilizou Alberto Pinto
Nogueira no artigo «A
Geração Rasca e os Velhos», «…produto
da geração adulta e velha de hoje: os facilitismos oferecidos, o fomento
negligente de irresponsabilidades, as passagens administrativas, o
paternalismo. A cedência à ausência de valores. Uma geração hoje “velha” que
prescindiu de transmitir à geração, ontem, jovem os princípios da liberdade
responsável».
Embora um pouco mais novo que Alberto Pinto Nogueira, nem por isso deixo
de partilhar a responsabilidade de que fala e da qual resultou estarmos há
alguns anos a ser governados por um grupo de gente onde a «…ausência de ética, de moral, de
princípios gera, consequentemente, comportamentos políticos da mesma natureza:
sem moral e sem ética [que] pratica a mentira, a manipulação, o golpe, as jogadas de interesses»
e, acrescento eu, de quem não podemos esperar outras soluções que não o
miserabilismo servil dos tolos.
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