O anúncio agora conhecido que «Espanha
contraiu mais em 2012 do que o inicialmente reportado», depois de notícias
como a de que a «Actividade
económica no euro em máximos de 26 meses» ou que o «Ritmo
de crescimento aumenta na OCDE», a que se juntou que a «Recuperação
do investimento puxa crescimento alemão para máximo de um ano» e numa
aparente confirmação dos bons ventos, que a «Economia
britânica cresce mais do que o previsto no segundo trimestre», leva-me a repetir o alerta com que terminei
o “post” «CAMINHOS
DE PORTUGAL», lembrando que aquele tipo de notícias positivas poucos
efeitos práticos terão sobre o dia-a-dia de quem (assalariado, reformado,
desempregado ou pequeno empresário) tem suportado os custos da solução gizada
para a crise, como parece confirmar a afirmação de que os «Resultados
das cotadas apontam para recuperação do consumo».
Bom seria que a verdadeira razão para esta inesperada recuperação não
fosse o comportamento aleatório dalgumas actividades – como sucedeu com o
aumento das exportações de produtos derivados do petróleo (para mais duma
matéria prima que importamos e altamente sujeita à volatilidade e à espculação
sobre os preços) –, mas antes o efeito de genuinas iniciativas de investimento
que, contrarimante ao que sugere Henrique Monteiro no seu artigo «Mas
afinal porque razão aumentou o PIB?» não podem brotar da simples vontade de
empresários e trabalhadores “fazerem coisas” enquanto a procura interna
(sustentada no rendimento das famílias, o agregado macroeconómico que todos os
governos têm vindo a espartilhar em impostos e a comprimir nas reduções de salários
e reformas) não sustentar semelhante procedimento, estratégia principalmente
verdadeira para o tecido empresarial nacional que é suportado essencialmente
nas PME.
Tal como Gustavo Cardoso chamou a atenção no artigo «CERCADOS»,
as boas notícias são-no principalmente para as grandes empresas e reflectem
mais o contínuo desequilíbrio do processo de distribuição da riqueza que uma
efectiva correcção das desigualdades sociais, ou como escreveu há dias Adriano
Moreira, no artigo «AS
PERGUNTAS INQUIETANTES», «…o credo do mercado parece não reparar no
efeito colateral que é o capitalismo de catástrofe, que implica a fadiga
tributária, o desemprego, a quebra de produtividade, a pobreza violadora da
dignidade humana, uma situação que alguns países, que não servem nem de exemplo
nem sequer de lembrança, dominaram com total esquecimento do Estado de direito», a conclusão a tirar é que
se a mudança, por pequena que seja, for efectiva e sustentada, sê-lo-á para os
sectores económicos monopolistas e rentistas que estiveram na génese da crise,
não para a esmagadora maioria da população que dela sairá mais pobre e com
menores perspectivas de futuro, por muito que tentem vender-nos a ideia oposta.
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