sábado, 10 de agosto de 2013

INSTIGAR O MEDO

Concluído o Ramadão (o nono mês do calendário islâmico que é consagrado ao jejum ritual) pode já dizer-se que contrariando o alerta antiterrorista que levou a administração Obama a anunciar que os «EUA fecham embaixadas com receio de ataques até ao fim do Ramadão», nada aconteceu além dos já corriqueiros atentados no Iraque, com o fim do Ramadão a ficar assinalado por uma «Nova vaga de atentados no Iraque faz dezenas de mortos», no Afeganistão e no vizinho Paquistão, onde o «Consulado dos EUA no Paquistão evacuado em plena vaga de atentados».

Para melhor entender esta situação, recorde-se que o alerta surge num contexto particularmente interessante, por ocorrer uns dias após a notícia de que centenas de «Membros da Al-Qaeda fogem de prisões» no Iraque e na Líbia e quando em Washington estava no auge um debate sobre os limites de actuação da agência nacional de segurança (NSA), que se saldaria com a notícia que o «Congresso mantém espionagem em larga escala da NSA».

Mesmo admitindo a legitimidade da preocupação norte-americana com a segurança dos seus cidadãos no estrangeiro, não deixa de ser curioso que o “fantasma” da Al-Qaeda tenha regressado às principais notícias quando se procedia internamente ao debate em torno dos limites de actuação das suas agências de espionagem, quando decorria o julgamento de Bradley Manning (o soldado acusado de ter sido a fonte da informação distribuída pelo WikiLeaks) e continuava pendente o caso Edward Snowden (o analista informático que denunciou a existência do PRISM (ver o “post” «BIG BROTHER HIS WATCHING YOU…»), programa norte-americano de espionagem da Internet), factos que até podem levar a considerar-se que a anunciada «Ameaça é oportuna para a NSA».


A instigação do medo, como antes o fizera a administração Bush, e a recuperação dum velho “inimigo”, qual espantalho que de vez em quando se agita para afugentar os mais temerosos, revela-se de particular utilidade a ponto de poder ser usado para justificar o programa de ciber-espionagem que terá possibilitado que uma simples «Intercepção de comunicações da Al-Qaeda motiva alerta dos EUA contra atentados», mesmo que depois se venha a saber que o próprio o presidente «Obama garante que Al-Qaeda é ameaça que foi reduzida».

Assim é de esperar que esta administração norte-americana e as seguintes mantenham viva uma organização que descreverão, variando entre a figura do tigre assassino ou a do mosquito irritante, consoante as necessidades e os fins que pretendam justificar.

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