Concluído o
Ramadão (o nono mês do calendário islâmico que é consagrado ao jejum ritual)
pode já dizer-se que contrariando o alerta antiterrorista que levou a
administração Obama a anunciar que os «EUA
fecham embaixadas com receio de ataques até ao fim do Ramadão», nada
aconteceu além dos já corriqueiros atentados no Iraque, com o fim do Ramadão a ficar
assinalado por uma «Nova
vaga de atentados no Iraque faz dezenas de mortos», no Afeganistão e no vizinho
Paquistão, onde o «Consulado
dos EUA no Paquistão evacuado em plena vaga de atentados».
Para melhor
entender esta situação, recorde-se que o alerta surge num contexto
particularmente interessante, por ocorrer uns dias após a notícia de que
centenas de «Membros
da Al-Qaeda fogem de prisões» no Iraque e na Líbia e quando em Washington estava
no auge um debate sobre os limites de actuação da agência nacional de segurança
(NSA), que se saldaria com a notícia que o «Congresso
mantém espionagem em larga escala da NSA».
Mesmo admitindo a legitimidade da preocupação norte-americana com a
segurança dos seus cidadãos no estrangeiro, não deixa de ser curioso que o
“fantasma” da Al-Qaeda tenha regressado às principais notícias quando se
procedia internamente ao debate em torno dos limites de actuação das suas
agências de espionagem, quando decorria o julgamento de Bradley Manning (o
soldado acusado de ter sido a fonte da informação distribuída pelo WikiLeaks) e
continuava pendente o caso Edward Snowden (o analista informático que denunciou
a existência do PRISM (ver o “post” «BIG BROTHER HIS WATCHING YOU…»), programa norte-americano de
espionagem da Internet), factos que até podem levar a considerar-se que a
anunciada «Ameaça
é oportuna para a NSA».
A instigação
do medo, como antes o fizera a administração Bush, e a recuperação dum velho
“inimigo”, qual espantalho que de vez em quando se agita para afugentar os mais
temerosos, revela-se de particular utilidade a ponto de poder ser usado para
justificar o programa de ciber-espionagem que terá possibilitado que uma
simples «Intercepção de comunicações da Al-Qaeda motiva
alerta dos EUA contra atentados», mesmo que depois se venha a
saber que o próprio o presidente «Obama
garante que Al-Qaeda é ameaça que foi reduzida».
Assim é de
esperar que esta administração norte-americana e as seguintes mantenham viva
uma organização que descreverão, variando entre a figura do tigre assassino ou
a do mosquito irritante, consoante as necessidades e os fins que pretendam
justificar.
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