No espaço que
semanalmente ocupa no DN,
escreveu aquele professor universitário e, convém não esquecer de referir,
conselheiro económico do tempo em que Cavaco Silva foi primeiro-ministro, ainda
a propósito da polémica em torno do “swaps”
que «O fenómeno mantém-se obscuro, mas com claros sinais de irregularidade. Só
que, a existir crime, os principais culpados situam-se no anterior Governo. Em
vez de o assumir, esse partido, agora na oposição, ataca o actual Executivo em
aspectos laterais». É claro que o objectivo do artigo «“Swap”
democrático» não é o de tentar explicar o funcionamento dos “swaps” nem sequer o “negócio” que estes
representam (como seria expectável num professor de economia), mas apenas o de
desviar o cerne da polémica – a ministra mentiu ou não quando afirmou que a
informação não fora disponibilizada pelo anterior governo – para a questão
acessória da chicana política, que o próprio descreve assim: «Usar, durante uma emergência nacional, casos
desta delicadeza como arma de arremesso, chicana mediática ou bloqueio político
é inaceitável».
Tal como sucedeu no caso de Miguel
Relvas, onde a bacoquice da exibição duma licenciatura duvidosa se arrastou
durante penosos meses sem que o primeiro-ministro ou o visado lhe pusessem
cobro e traduzida num comportamento próprio de quem se julga acima dos outros,
voltamos agora, nos casos de Maria Luís Albuquerque e de Rui Machete, à
situação da manipulação e da mentira (quem ainda duvida que a ministra das
Finanças mentiu intencionalmente à comissão parlamentar), num quase insulto à
inteligência dos demais cidadãos, tudo isto enquanto “opinion makers” do calibre do já citado César das Neves se esforçam
por acrescentar fumo ao nevoeiro.
O que na realidade move os
comentadores da esfera do poder não é o desejo de informar ou esclarecer, antes
o de escamotear evidências, na precisa linha de actuação dum chefe de governo
que transvertido em líder político faz discursos onde nem se coíbe de recuperar
o desgastado fantasma das “forças de bloqueio”, que agora chama de “risco
constitucional” e que José Manuel Pureza diz num artigo
no DN que «…evidenciam ter da
democracia uma visão enfadada quando ela impõe limites a uma governação em
estilo mãos livres» e numa clara identificação com o difuso conceito de
ética de que enfermam.
Tão vago e
difuso que confundem o chamado “interesse nacional” (aquele chavão que não há
político que se preze que não o invoque ao menor pretexto) com os interesses da
minoria que representam – aquela que originou e alimenta uma pretensa crise a
cuja sombra tem prosperado e cuja actuação emerge esporadicamente em notícias
como a que assegura que o «Fundo
de pensões de Gaspar evita comprar dívida pública portuguesa» – e a
expensas do interesse geral.
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