quarta-feira, 3 de abril de 2013

O QUARTO LADO DO TRIÂNGULO



trilogia Chipre-Palestina-Síria e os interesses que entre ela se movem, não ficariam completos sem uma referência ao seu quarto lado: a Turquia.

No caso da Turquia movem-se mais que os meros interesses económicos directamente ligados à exploração e distribuição do petróleo, já que este país acalenta manifestos interesses hegemónicos na região (e até no interior da “nação islâmica”, hegemonia que disputa em ambos os casos com o Irão) e mantém há décadas um diferendo com a Grécia sobre a ilha de Chipre a pretexto duma comunidade turca que a ONU e a comunidade internacional não reconhecem.


A existência deste diferendo, que tem sido um dos entraves da adesão turca à UE, não obstou à sua adesão à NATO, organização para a qual terão tido maior importância a sua localização estratégica e o peso regional duma Turquia moderada e ocidentalizada.

Razões de natureza estratégica ditam há muito a apetência pelo controlo da ilha (mais um factor para acirrar a disputa entre gregos e turcos), facto que ditou a permanência de duas bases militares britânicas após a independência concedida em 1960, e explicam a forma como a imprensa noticiou o potencial envolvimento da Rússia na crise financeira cipriota.

De tudo isto o que afinal transparece deste imbróglio euro-cipriota é que a UE continua a revelar-se incapaz de gizar e aplicar uma estratégia integrada e exequível para o conjunto dos estados-membros, continuando os seus líderes a revelar a incompetência que já demonstraram noutras ocasiões, ou, nas palavras de Adriano Moreira (ver o «Mal Europeu»), à Europa «…falta um conceito estratégico que tradicionalmente incluiu um inimigo a abater. […] O mal europeu exige uma cuidadosa e urgente meditação sobre um conceito estratégico que lhe falta, que não pode ser feita por técnicos que não representam os povos, que exige não perder a memória histórica, para enfrentar um mundo novo em formação, de definição ainda incerta, com o risco de não intervir com a sua voz própria no futuro global.»

Será então de estranhar que a crise sistémica (económica e financeira) tenha evoluído rapidamente para uma crise social e evidenciado uma perigosa crise política à qual é cada vez seja mais frequente associar a necessidade do regresso ao modelo de construção duma Europa dos Povos (em contraposição à actual Europa das elites) onde as políticas sirvam o interesse geral e não os interesses instalados que converteram a Democracia numa verdadeira Oligarquia.

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