No âmago da
agitação política interna acicatada pela desproporcionada reacção do
primeiro-ministro ao chumbo pelo Tribunal Constitucional dalgumas pontos do OE
para 2013, surgiu ainda a voz do ministro alemão das finanças, Wolfgang Schäuble,
avisando que «Portugal
tem de tomar mais medidas depois do veto do TC», numa clara manobra
intervencionista e intimidatória.
As posições
neoliberais de Schäuble são há muito conhecidas e constituem motivo de
referência sobretudo pelo marcado carácter de soberba que raia o chauvinismo.
Isso mesmo deixou particularmente claro o presidente do Conselho Económico e
Social na «Carta
aberta ao ministro das Finanças alemão» que publicou no PUBLICO em finais do mês passado, onde «Silva Peneda acusa ministro alemão de querer
despertar “fantasmas de guerra” na Europa»
e que eu complemento afirmando que a jactância do ministro servirá já para
exorcizar fantasmas internos e para esconder os problemas que a Alemanha já
sente e que o NEGÓCIOS já
noticiou dizendo que a «Recessão
da Zona Euro penaliza exportações alemãs».
Desde a
primeira hora que a estratégia alemã para combater a crise da Zona Euro tem
ziguezagueado entre a mais abjecta sobranceria e a não menos absurda navegação
à vista, sem esquecer a insidiosa chantagem. Exemplo recente disso mesmo é a
notícia de que «Berlim
alerta que confiança adquirida por Portugal “tem que ser cuidadosamente
preservada”», numa linguagem hiperbólica relativamente àquela onde «Pedro Passos Coelho garante que o chumbo do Tribunal
Constitucional fragilizou Portugal» na renegociação das
condições da dívida com a “troika”.
Mas as
fragilidades das teses neoliberais mais acerbadas não param de se revelar e
assim, eis que poucos dias após mais esta descarada chantagem sobre os
portugueses surge a notícia que afinal o «Eurogrupo
vai dar mais 7 anos a Portugal e Irlanda». Nada que não fosse de esperar
face à crescente evidência da impossibilidade de liquidação das dívidas (para já
das dos países resgatados do Sul da Europa) e que nem o anunciado
condicionalismo a um resultado positivo da próxima avaliação da “troika” (como se fosse possível
resultado diferente num processo de autoavaliação) altera.
Sem comentários:
Enviar um comentário