terça-feira, 18 de dezembro de 2007

TAMBÉM NÃO PERTENÇO A ESSE GRUPO

Com um lacónico «JARDIM PROCESSA BAPTISTA-BASTOS» o PORTUGAL DIÁRIO dava ontem nota do que hoje o DIÁRIO DE NOTÍCIAS confirmou junto daquele escritor e que remonta ao ano de 2005, quando este escreveu no JORNAL DE NEGÓCIOS um artigo de opinião intitulado «UM FASCISTA GROTESCO» a propósito de umas declarações do presidente do Governo Regional da Madeira.

Como explicou ao DN: “Indignou-me, na altura, ver na televisão as declarações do dr. Jardim sobre as duas comunidades - chinesa e indiana -, que demonstravam um comportamento de racismo e xenofobia. E mais indignado fiquei ao observar que nenhuma instituição portuguesa nada fez face ao que foi dito. Não podia ficar indiferente e por isso escrevi o artigo”.

Após queixa do visado, o Tribunal Judicial do Funchal decidiu que haveria matéria para julgamento, sob a forma de “ofensa à honra”, decisão que Baptista-Bastos classifica como “uma clara pressão ao estatuto da liberdade de imprensa”, perante a qual não se mostra muito preocupado (pois diz ter confiança nos tribunais da Madeira) e reitera que “se fosse hoje, voltaria a escrever este mesmo artigo, porque se ele for bem interpretado, vê-se que não é injurioso”.

Porque não tenho qualquer sombra de dúvida sobre a justeza dos comentários então feitos por Baptista-Bastos, para mais sobre uma personagem sobejamente conhecida pela forma desabrida como tem vituperado todos os que não aplaudam a sua verve populista e demagógica e pior ainda quando não sobrescrevem as suas teses, e porque também eu não pertenço ao mesmo grupo do Alberto João Jardim, aqui deixo o texto objecto daquela acção judicial:

«Um fascista grotesco

Baptista Bastos

Alberto João Jardim não é inimputável, não é um jumento que zurra desabrido, não é um matóide inculpável, um oligofrénico, uma asneira em forma de humanóide, um erro hilariante da natureza.

Alberto João Jardim é um infame sem remissão, e o poder absoluto de que dispõe faz com que proceda como um canalha, a merecer adequado correctivo.

Em tempos, já assim alguém o fez. Recordemos. Nos finais da década de 70, invectivando contra o Conselho da Revolução, Jardim proclamou: «Os militares já não são o que eram. Os militares efeminaram-se». O comandante do Regimento de Infantaria da Madeira, coronel Lacerda, envergou a farda número um, e pediu audiência ao presidente da Região Autónoma da Madeira. Logo-assim, Lacerda aproximou-se dele e pespegou-lhe um par de estalos na cara. Lamuriou-se, o homenzinho, ao Conselho da Revolução. Vasco Lourenço mandou arrecadar a queixa com um seco: «Arquive-se na casa de banho».

A objurgatória contra chineses e indianos corresponde aos parâmetros ideológicos dos fascistas. E um fascista acondiciona o estofo de um canalha. Não há que sair das definições. Perante os factos, as tímidas rebatidas ao que ele disse pertencem aos domínios das amenidades. Jardim tem insultado Presidentes da República, primeiros-ministros, representantes da República na ilha, ministros e outros altos dignitários da nação. Ninguém lhe aplica o Código Penal e os processos decorrentes de, amiúde, ele tripudiar sobre a Constituição. Os barões do PSD babam-se, os do PS balbuciam frivolidades, os do CDS estremecem, o PCP não utiliza os meios legais, disponentes em assuntos deste jaez e estilo. Desculpam-no com a frioleira de que não está sóbrio. Nunca está sóbrio?

O espantoso de isto tudo é que muitos daqueles pelo Jardim periodicamente insultados, injuriados e caluniados apertam-lhe a mão, por exemplo, nas reuniões do Conselho de Estado. Temem-no, esta é a verdade. De contrário, o que ele tem dito, feito e cometido não ficaria sem a punição que a natureza sórdida dos factos exige. Velada ou declaradamente, costuma ameaçar com a secessão da ilha. Vicente Jorge Silva já o escreveu: que se faça um referendo, ver-se-á quem perde.

A vergonha que nos atinge não o envolve porque o homenzinho é o que é: um despudorado, um sem-vergonha da pior espécie. A cobardia do silêncio cúmplice atingiu níveis inimagináveis. Não pertenço a esse grupo

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