quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

BENAZIR BHUTTO

A ex-primeiro-ministro paquistanesa faleceu hoje vítima de um atentado quando abandonava o local onde realizara um comício do seu partido, o PPP (Partido do Povo Paquistanês), preparando as eleições que deverão realizar-se no próximo mês de Janeiro.

Condenação aparte (algo que os políticos mundiais, dos mais diversos quadrantes, já se apressaram a fazer), importa avaliar quem beneficia com o acto.
O primeiro e mais óbvio beneficiado é Pervez Musharraf, não só porque ficará mais facilitada a sua perpetuação no poder, como porque vê justificada a decisão que tomou no passado mês de Novembro de instaurar o estado de emergência e de decretar a prisão domiciliária de Benazir, justificada na altura como medida de protecção à sua vida; o segundo será Condoleezza Rice e a administração Bush que assim vêm resolvida a disputa entre Musharraf e Benazir que eles próprios fomentaram (a este respeito ver o que então escrevi aqui); o terceiro poderá ser o movimento taliban que mantendo elevado o nível de instabilidade no Paquistão assegura melhor ambiente para a organização da resistência no vizinho Afeganistão, enquanto o quarto será Nawaz Sharif, também ele ex-primeiro-ministro, líder da PML (Liga Muçulmana do Paquistão) e adversário tradicional de Benazir, que veio de pronto apelar ao boicote às próximas eleições.

Se a ordem dos beneficiários pode ser alvo de discussão já o mesmo não acontecerá na escolha do principal prejudicado. Esse, vai ser seguramente o povo paquistanês e as parcas hipóteses de introduzir alguma pacificação na região, porque a prática tem demonstrado que com os militares na condução dos destinos do país tal esperança é cada vez mais vã.

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