Não resisto a trazer aqui um artigo hoje publicado no DIÁRIO ECONÓMICO onde o seu autor – Bruno Maçães – apresenta uma curiosa análise sobre a conjuntura financeira mundial.
E digo curiosa, porque o que primeiramente me despertou a atenção foi o subtítulo «Esqueçam o aquecimento global. Temos um problema bem mais urgente em mãos. Há dinheiro a mais» que me levou a ler na íntegra o texto.
O resultado da leitura foi bem menos interessante que a expectativa; o texto, algo confuso, tem porém o mérito de clarificar o ponto de vista dos “banqueiros”, quando afirma que o «...capitalismo é hoje um fenómeno financeiro. É um erro pensar que a riqueza é criada por empresas e consumidores, que o dinheiro se produz fora do sistema financeiro».
Melhor que muitos críticos da chamada economia global, Bruno Maçães demonstra em poucas palavras toda a falácia em que se baseia o modelo económico que o próprio defende.
Contrariamente ao senso comum, os apologistas da economia global entendem que a riqueza (entendida aqui no sentido do somatório do valor de bens e serviços) é originada por uma entidade quase abstracta – o sistema financeiro – e não como fruto do investimento e do trabalho humano.
Se depois disto ainda persistirem algumas dúvidas de que a única preocupação do autor é justificar a incongruência daquele sistema financeiro, logo o próprio as esclarece quando postula «...que nenhuma transacção económica pode ser realizada se o dinheiro com que é feita não tiver sido previamente criado pelo sistema financeiro [...] a nova riqueza não tem inicialmente correspondência na economia real...»., ou seja, a única actividade digna desse nome é a financeira e em cujo vértice se reduz à especulação.
Assim, não é de estranhar que a sua solução para uma crise que cada vez mais evidencia as limitações de um modelo de desenvolvimento baseado no controle da moeda por uma clique financeira seja a de reduzir ainda mais a quantidade de moeda em circulação. Por esta via estarão asseguradas a subida das taxas de juro (que o mesmo é dizer os lucros dos “banqueiros”) e a perpetuação dos “donos do dinheiro” no papel de senhores do mundo!
Muitas têm sido as vozes que se têm feito ouvir na denúncia e crítica a um modelo económico que assentando da adopção de postulados como o do lucro a todo e qualquer custo, têm conduzido a economia mundial no sentido de um vórtice de que a actual crise não constituirá mais que uma etapa de passagem.
Contrariamente ao que escreve o autor não foi a «...audácia que nos atraiu ao abismo e é com audácia que evitaremos a queda»; o que novamente nos colocou à beira duma crise económica foi o primado absoluto do lucro e da especulação desenfreada a ele associada e a audácia necessária para evitarmos a queda não pode ser outra que a da recusa deste modelo anacrónico de desenvolvimento.
3 comentários:
Bem, esse dinheiro a mais é o que me fala ao fim do mês, é o que falta no serviço nacional de saúde, nas escolas, nas reformas de miséria, etc...
Como ele foi parar ao sector financeiro é que eu nem pretendo perceber... mas nos países onde as pessoas não estão na miséria, os bancos ganham menos dinheiro.
Coincidência ou populismo... não sei.
Nao percebi nada. O modelo actual esta errado porque? Lucro a todo o custo? Mas quem fala de lucro a todo o custo e o autor e mais ninguem. Lucro a todo o custo e uma expresso para quem nao conhece os rudimentos da ciencia economica. Que mania qas pessoas agora tem de corrigir a realidade de acordo com os seus desejos. Leia e aprenda, homem.
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