domingo, 26 de agosto de 2007

SALVE-SE QUEM PUDER

É o que se pode inferir das notícias que crescentemente surgem na imprensa ocidental a propósito da situação no Iraque, de que é flagrante exemplo a seguinte:

«De uma frente para outra

Salve-se quem puder! Os cerca de 5.500 soldados britânicos posicionados em Bassorá, no sul do Iraque, já não conseguem manter uma guerra completamente inútil. Tanto mais que os combates nunca foram tão intensos – e tão mortíferos – desde a invasão das tropas da coligação, em 2003. Segundo um inquérito efectuado localmente pelo THE INDEPENDENT, os soldados – todos profissionais – revelam a impressão de que a sua presença, em vez de contribuir para a pacificação, não faz senão exacerbar a agressividade dos combatentes xiitas que controlam a região. O próprio estado-maior pede a Gordon Brown que assuma as suas responsabilidades e que acelere o movimento de retirada progressiva, iniciado por Tony Blair.

O mais interessante é que são as mesmas altas patentes que preconizam em simultâneo o reforço em massa das tropas instaladas no Afeganistão, onde os britânicos foram encarregues pela NATO de controlar o sudoeste do país. A multiplicação das ofensivas conduzidas contra os talibans – e sobretudo contra os “jihadistas” vindos de forma como reforço – não pode ser ignorada. Ora esta guerra – explicam os militares aos políticos – pode ser ganha, com a aplicação dos meios necessários.

As mesmas considerações geopolíticas são aplicadas nos EUA, onde o debate sobre a guerra do Iraque tomou uma dimensão muito emotiva. Os diferentes candidatos à investidura para as presidenciais do próximo ano estão obviamente obrigados a assumirem uma posição sobre o tema. Principalmente no campo dos Democratas. Hillary Clinton, até agora favorita nas sondagens, e Barack Obama, o seu principal adversário, pediram ao presidente Bush para iniciar a retirada das tropas a partir de 15 de Março do próximo ano. Uma condição mínima para satisfazer a sua base eleitoral. Mas Obama foi mais longe propondo a tomada de medidas militares mais enérgicas contra os talibans – incluindo o território paquistanês se necessário – em nome da luta contra o terrorismo. O que obviamente lhe valeu fortes críticas dos militantes do movimento anti-guerra.

Veremos como e a que ritmo poderão Londres e Washington conduzir esta mudança de prioridades. As decisões que Gordon Brown se comprometeu a tomar no mês de Outubro revelarão uma primeira ideia.
» (tradução própria do editorial do COURRIER INTERNATIONAL, de 23 de Agosto de 2007 assinado por Bernard Kapp)

Enquanto George W Bush vai oscilando entre mensagens com puxões de orelhas ao primeiro-ministro iraquiano, Nuri Al Maliki, e declarações de apoio e solidariedade, os candidatos a candidatos à sua substituição vão-se desmultiplicando em declarações mais ou menos incisivas (consoante a franja de eleitorado a que se estão a dirigir) e o recém nomeado primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, vai anunciando uma possível retirada total, no terreno continuam a suceder-se as acções de guerrilha (alimentadas ora pelas divisões religiosas ora pela sanha contra as forças ocupantes) e a contabilidade dos mortos e feridos (principalmente civis) ganha crescentes contornos de enormidade e constitui evidente prova do fracasso da estratégia da administração norte-americana.

Tarde ou cedo as forças de ocupação acabarão por abandonar o país deixando à sua sorte as populações iraquianas e praticamente condenadas a transformarem-se num país satélite comandado a partir de Teerão. De mansinho e sem os elevados custos humanos e materiais empregues durante a guerra que manteve com o Iraque de Saddam Hussein, o regime dos ayatolahs encontra-se cada vez mais perto de alcançar o almejado estatuto de potência regional o que, ironia da vida, talvez não tivesse conseguido sem a prestimosa colaboração dos “falcões” de Washington.

Bem podem agora ingleses e americanos orientar as suas acções belicistas para o Afeganistão, que nunca conseguirão evitar que as forças muçulmanas mais radicais reivindiquem uma vitória. A prova disto é que mal surgiram na imprensa notícias sobre a próxima retirada britânica de Bassorá, logo o líder xiita Moqtada Al Sadr veio reivindicar as virtualidades da sua acção e assim consolidar a sua posição no xadrez político iraniano que, salvas as devidas proporções será muito idêntico, será idêntico ao que fez Hassan Nasrallah, o líder do Hezbollah, após a retirada israelita do Líbano.

A única razão pela qual não dou como garantida uma partida rápida das tropas ocidentais é que segundo tudo indica as grandes empresas petrolíferas que financiaram a subida ao poder de George W Bush embora tenham logrado o afastar a concorrência da britânica BP (daí a partida das tropas inglesas) ainda não terão assegurado o controlo do petróleo iraquiano, facto que por si só justificará o prolongamento da permanência das forças americanas no terreno.

Mantenho esta opinião mesmo após a leitura de um texto subscrito por um grupo de sargentos da 82ª divisão aerotransportada americana (publicado primeiramente no NEW YORK TIMES e posteriormente retomado pelo COURRIER INTERNATIONAL), no qual os autores assinalam as diferenças entre os discursos oficiais e a situação que vivem no terreno, chamando particularmente a atenção para o facto das populações sentirem cada mais os efeitos de uma insegurança que a presença americana e o governo pró-americano controlado pelos xiitas se revelam incapazes de contrariar.

Provadas que ficaram a inexistência de qualquer arsenal de armas de destruição em massa e as ligações entre o ex-ditador Saddam Hussein e a Al-Qaeda, enquanto razões justificadoras da acção militar ordenada por George W Bush, resta aceitar como única explicação a do controle das reservas petrolíferas da região, que face à anterior política de sanções económicas corria o risco de vir a ser controlado por interesses franceses e russos.

Enquanto nos EUA continuar a falar mais alto os interesses das empresas petrolíferas, dificilmente assistiremos a uma efectiva pacificação na região.

2 comentários:

antonio ganhão disse...

O Iraque pacificado e a funcionar? E depois o que os impediria de seguir as pisadas do Irão e lançar um programa nuclear?

Julgo que o Iraque está onde justamente os EUA e a Europa desejavam: num caos. E estes têm pena de não fazer o mesmo ao Irão.

Anónimo disse...

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