A polémica
estalou no final da semana passada quando o ECONÓMICO noticiou que «Vereador
do Bloco ganha milhões com prédio em Alfama», numa referência ao
envolvimento dum vereador da autarquia lisboeta – Ricardo Robles, eleito pelo
BE e conhecido crítico da crescente especulação imobiliária – num negócio de
recuperação dum imóvel adquirido em 2014 num leilão da Segurança Social.
De imediato
surgiram as criticas mal dirigidas ou meramente populistas, como este cartoon
de Henrique Monteiro:
Ao que afirma
aquele jornal, Robles (engenheiro civil de formação) e a irmã adquiriram um
imóvel na zona de Alfama «...pagaram 347
mil euros pelo prédio, investiram outros 650 mil em obras de requalificação e
chegaram a acordo com a maioria dos inquilinos para rescindir os contratos de
arrendamento. Já no final de 2017, com o edifício reabilitado e com mais um andar,
colocaram-no à venda numa imobiliária especializada em imóveis de luxo, com uma
avaliação de 5,7 milhões de euros...»,o que configura um normal negócio no
sector imobiliário, não fosse um dos sócios no projecto ser um conhecido crítico
da especulação imobiliária e, acrescento eu, destacado membro do BE.
Na maioria das
notícias o que mereceu maior destaque foi a enormidade do ganho potencial (4,7
milhões de euros) e a filiação política de Robles; sobre a aquisição – o tal
leilão da Segurança Social que possibilitou a compra por um valor aparentemente
baixo –, sobre a forma de financiamento das obras de recuperação (ao que parece
através de financiamento bancário) ou sobre o valor pretendido para a venda,
pouco ou nada foi dito; no fundo toda a gente criticou a sua prática mas poupou
o discurso, quando na realidade teria sido bem mais curial e pedagógico “condenar”
aquela mais que evidente contradição. É que qualquer pessoa pode almejar montar
um negócio como aquele, slavo quem na praça pública condena essa mesma prática.
Finalmente lá surgiu
a renúncia de Ricardo Robles ao cargo de vereador, o que apenas justifica um
comentário: veio atrasada!
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