sexta-feira, 6 de julho de 2018

PORQUE NÃO?


A recente notícia de que a «Alemanha, Áustria e Itália vão discutir formas de fechar a rota do Mediterrâneo aos migrantes» poderá constituir a machada final na UE; pelo menos na UE que foi inicialmente apresentada aos cidadãos europeus como um espaço de livre circulação de pessoas e bens, onde pudessem beneficiar de liberdades políticas e de segurança social


Depois da mais flagrante e ominosa quebra de solidariedade a que assistimos para com uma Grécia (depois estendida a Portugal, Irlanda, Espanha e a Chipre) devastada por uma crise ampliada para salvar a banca alemã e francesa, com os países mediterrânicos (especialmente a Grécia e a Itália) a braços com o fluxo de migrantes do Norte de África e da ignominiosa política urdida com uma Turquia amplamente remunerada para reter os migrantes sírios, em fuga dum cenário de guerra civil, sabemos agora que parte da União se prepara para adoptar políticas restritivas nas suas fronteiras nacionais.

Não que isso seja novidade, veja-se o que a UE tem consentido à Hungria e a outros países do chamado Grupo de Visegrado que até se afirmam disponíveis para financiar a “defesa da fronteira externa da UE”, nem que efectivamente nunca tenha existido a situação duma Europa a duas velocidades; basta lembrar as diferenças entre os 19 membros da Zona Euro (por vezes apelidada de Eurolândia) e os 8 restantes, para forçosamente se reconhecer que desde o início do século que existe uma dualidade na UE e que talvez agora – quando se avizinha a concretização da saída do Reino Unido (outro estado que também não aderiu ao euro) – seja a oportunidade para despoletar um verdadeiro processo de consolidação democrática do núcleo duro da UE, através da criação dos meios adequados de governança, pois desde o seu início que a Eurolândia vive um processo de decisão e de gestão – o famoso Eurogrupo (conjunto dos ministros das finanças da Zona Euro) não tem qualquer cobertura legal e ainda menos um mandato democrático – completamente à margem das regras democráticas.

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