Por imposição do calendário
estamos em vias de encerrar mais um ano; o 2015º da era cristã não trouxe, como
era muito fácil ter antecipado, profundas melhorias aos muitos e graves
problemas que a todos afectam. Os conflitos armados, com o rasto de sofrimentos
e miséria humana que acarretam, eternizam-se, os problemas ambientais tardam em
ser abordados de forma construtiva e até a crise sistémica global continua sem
evidentes sinais de resolução.
É verdade, no ano 1436 do
calendário muçulmano agudizaram-se os conflitos num Médio Oriente que continua
dividido ente árabes e judeus (que vivem o ano 5776), mas também entre sunitas
e xiitas num crescendo de radicalização (ditada por uma luta hegemónica entre «Sunismo saudita e xiismo iraniano em confronto
aberto no Oriente Médio», a que acresce um ancestral cisma
religioso) que já ultrapassou as próprias fronteiras da região e do cisma;
enquanto o ano 4713 do calendário chinês ficará registado como o do
reconhecimento oficial dos gravíssimos problemas ambientais que atravessa o
Império do Meio e que culminou com a recente decisão de colocar «Pequim em alerta vermelho por causa da poluição».
Ainda assim, nem tudo foi negro
no ano que termina e numa Europa que continua a braços com uma crise económica
e política que parece não querer solucionar, depois da agudização das relações
com uma Rússia que recusa ver minorado o seu papel de potência regional eis que
surgiu um pequeno sinal de mudança quando os eleitores de parte da Europa do
Sul manifestaram de forma clara a sua recusa na continuação das políticas
que conduziram a UE ao seu ponto mais baixo. Refiro-me, claro, ao resultado das
eleições gregas e portuguesas (e numa certa medida às mais recentes em Espanha)
onde os eleitores fizeram sentir uma clara vontade de mudança de política à
qual uma UE enfeudada aos interesses neoliberais tem respondido de forma
antidemocrática.
Veremos o que reserva à Europa um
2016 que para já ameaça o aprofundamento de divisões e o aumento dum isolacionismo
xenófobo que não augura nada de bom, precisamente quando nas suas fronteiras se
desenrolam conflitos abertos a que urge responder de forma adequada e
concertada, como sugeriu recentemente Gordon Brown, o ex-primeiro-ministro
inglês, ao defender que «A educação é o antídoto para a radicalização».
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