A lembrança da
efeméride que hoje devíamos estar a comemorar em Portugal – a Restauração da
Independência – e a leitura dum artigo de José Vítor Malheiros, onde lembra (e
bem) que o actual é «Um
Governo sem tempo para errar» ao qual devemos «…garantir (…) toda a lealdade
e toda a cooperação mas nenhuma condescendência, nenhuma complacência»,
levam-me a deixar nota de duas questões que não auguram nada de bom.
A primeira (e
a menos importante) tem a ver com o incumprimento do compromisso de reposição
dos feriados demagogicamente abolidos pela coligação PSD/CDS. É certo que o
António Costa ainda mal tomou posse e que esta ocorreu muito em cima do 1º de
Dezembro, mas ainda assim fica a nota do esquecimento e do sinal negativo que
comporta.
A reposição
dos feriados do 5 de Outubro – Implantação da República – e do 1º de Dezembro –
Restauração da Independência – significa muito mais que a recuperação de dois
feriados, pois trata-se afinal de manter tão viva quanto possível a memória
colectiva dum povo, e podia muito bem ter sido a segunda medida tomada pelo
novo governo; tomá-la logo após a aprovação do respectivo programa representaria
a reafirmação do cumprimento de compromissos e um claro sinal da vontade de
mudança.
Mudança foi,
precisamente, o que representou a votação onde o «Parlamento
acaba com exames do 4.º ano»; duvido é que esta represente uma mudança para
melhor. Mesmo compreendendo algum fundamento na argumentação de que os exames
podem agravar a diferença de classes sociais e que pouco peso representam na
avaliação final, nem por isso deixo de partilhar a ideia que constituem um
importante factor de treino e de responsabilização de alunos, professores e
encarregados de educação.
Mais do que
alinhar no discurso fácil (e falso) de que a abolição dos exames representa um
sinal de facilitismo no percurso de formação dos jovens, creio que se está é a
eliminar um factor de credibilização que os jovens pagarão numa futura admissão
no mercado de trabalho (ou pelo menos a facilitar esse argumento) e a
desperdiçar esforços que deveriam ser concentrados na abordagem e discussão das
grandes questões que Governo e Parlamento terão de enfrentar de pronto: a
fragilidade das finanças nacionais e do sistema financeiro; as verdadeiras
reformas estruturais que, apesar de tudo o que se disse, continuam por fazer; o
fraco crescimento económico e a ausência de investimento e de perspectivas de
trabalho para os mais jovens.
Sem comentários:
Enviar um comentário