A mais pura e
desenfreada propaganda eleitoral não pode atingir os objectivos a que os seus
autores se propõem (a reeleição), sob pena de continuarmos a ver agravadas as
condições de vida da generalidade dos portugueses, situação bem expressa num
dos indicadores tantas vezes glorificado: a famigerada convergência com a UE.
Desde a adesão
àquele espaço económico que não tem havido governo que não assegure ter como
objectivo a convergência da economia nacional com a da UE, mas a realidade – a
dura realidade… – é a transmitida pelo EUROSTAT em resultado da comparação
entre o PIB nacional a preços correntes e o da Zona Euro, que no seu início
(2001) representava 61% para agora em 2014 ter caído para menos de 57%.
A comprovação
do fracasso das políticas neoliberais é ainda comprovável quando observamos a
evolução da taxa de desemprego, especialmente agora quando os dados mais
recentes apontam par a inversão da tendência de descida e já é conhecido que a «Taxa
de desemprego subiu para 12,4% em Agosto»; é claro que a subida foi de
apenas uma décima (a atestar pela anunciada projecção do INE) mas é evidente
que a tendência de descida (já muito criticada por análises mais cuidadas aos
dados estatísticos) parece comprometida.
Embora sem
grande divulgação nem objecto de tema da campanha, também foi recentemente
notícia que o «Investimento
público foi onde o Governo mais cortou em 4 anos», revelando não apenas o
fundamentalismo sobejamente conhecido e expresso no dogma “privado, bom –
público, mau”, mas principalmente uma forma clamorosa de comprometer o futuro
do próprio País.
Mas não são
apenas os indicadores económicos a porem em causa aquelas políticas. Também os
indicadores sociais, como a percentagem de gastos com a saúde e a educação
(para não falar numa segurança social particularmente afectada pelo elevado
desemprego), são reveladores que para os defensores da corrente neoliberal o
mais importante são o “lucro” e os “mercados”, nunca as pessoas. Isso mesmo
ficou bem patente na redução da cobertura de apoios sociais como o rendimento
social de inserção ou o complemento solidário para idosos, precisamente quando
um recente estudo
do EUROSTAT revela que «Um
quinto dos portugueses com 65 ou mais anos corre risco de pobreza ou exclusão
social» ou no aumento da proporção dos trabalhadores que auferem o
salário mínimo, que durante a vigência do actual governo passaram de 11% para
20%.
No entanto,
para quem participa na campanha eleitoral ou para quem dela faz notícia, nada
disto parece relevante nem merecedor de divulgação ou comentário; assim, resta
a quem decide o seu desfecho – os eleitores – rejeitar massivamente esta opção
pelo estiolar de princípios e valores que deu primazia ao resgate do sistema
financeiro em lugar dos cidadãos e que, invocando um dúbio conceito de honra,
julga impreterível o pagamento da dívida mesmo contra a vida dos cidadãos.
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