Quase a
encerrar uma campanha eleitoral que conhecerá o desfecho na véspera de mais um
aniversário da Implantação da República, apareceu a notícia que «Cavaco
Silva falta às cerimónias do 5 de Outubro».
Conhecidos o
perfil e o percurso político do actual inquilino de Belém, aquele que
indignamente anunciou optar pela reforma em detrimento do salário da magistratura
que ocupa, não será espantosa a opção, tanto mais que o Governo seu protegido
já tinha retirado a data do calendário dos feriados oficiais.
Foi
precisamente em reacção a mais esta indignidade que o insuspeito director da
TSF, Paulo Baldaia, escreveu o editorial «Falta
de respeito»:
«Domingo vamos a votos, segunda é dia da
República. Nada do que vou escrever tem que ver com as eleições, tem que ver
com a Democracia e com o que cada um de nós pensa sobre o valor que ela tem. Há
regimes monárquicos que são democráticos e repúblicas que são ditaduras. Ser
monarquia ou república não é sequer a questão crucial, o que importa é honrar o
regime democrático.
Está em Belém, no
palácio presidencial, um senhor que elegemos por duas vezes para ser o mais
alto magistrado da nação. Escolheu-o o povo e não o pai e mãe dele, porque em
1910 decidimos que essa tinha de ser uma decisão colectiva. O soberano deixou
de ser o rei e passou a ser o povo. Segunda-feira é dia da República, que já
foi dia feriado, que agora é um dia comum e que no dia das comemorações nem
sequer pode contar com o seu presidente. Já nem o povo que representa o chefe
de Estado respeita.
Como quer o presidente
da República que respeitem o apelo para que todos votem no domingo, se ele não
respeita o cargo que exerce, alegando necessidade de se concentrar na solução
que a meio da semana garantiu já estar tomada? Não se sente preparado Cavaco
Silva para segunda falar ao país, comemorando o dia que lhe permitiu ser quem
é, sobre solidariedade, responsabilidade, bem-comum...? Mais de cem anos depois
do fim da monarquia, sua excelência ainda acha que um país pode ficar sujeito
aos seus caprichos. Viva a República»
que traduz bem
o estado de degradação a que chegou a política nacional.
Em acréscimo
apenas justifica dizer-se, como Almada Negreiros, que se o Cavaco é português
eu quero ser espanhol!
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