sexta-feira, 2 de outubro de 2015

NÃO É DESRESPEITO, É MESMO DESPREZO!

Quase a encerrar uma campanha eleitoral que conhecerá o desfecho na véspera de mais um aniversário da Implantação da República, apareceu a notícia que «Cavaco Silva falta às cerimónias do 5 de Outubro».

Conhecidos o perfil e o percurso político do actual inquilino de Belém, aquele que indignamente anunciou optar pela reforma em detrimento do salário da magistratura que ocupa, não será espantosa a opção, tanto mais que o Governo seu protegido já tinha retirado a data do calendário dos feriados oficiais.


Foi precisamente em reacção a mais esta indignidade que o insuspeito director da TSF, Paulo Baldaia, escreveu o editorial «Falta de respeito»:

«Domingo vamos a votos, segunda é dia da República. Nada do que vou escrever tem que ver com as eleições, tem que ver com a Democracia e com o que cada um de nós pensa sobre o valor que ela tem. Há regimes monárquicos que são democráticos e repúblicas que são ditaduras. Ser monarquia ou república não é sequer a questão crucial, o que importa é honrar o regime democrático.

Está em Belém, no palácio presidencial, um senhor que elegemos por duas vezes para ser o mais alto magistrado da nação. Escolheu-o o povo e não o pai e mãe dele, porque em 1910 decidimos que essa tinha de ser uma decisão colectiva. O soberano deixou de ser o rei e passou a ser o povo. Segunda-feira é dia da República, que já foi dia feriado, que agora é um dia comum e que no dia das comemorações nem sequer pode contar com o seu presidente. Já nem o povo que representa o chefe de Estado respeita.

Como quer o presidente da República que respeitem o apelo para que todos votem no domingo, se ele não respeita o cargo que exerce, alegando necessidade de se concentrar na solução que a meio da semana garantiu já estar tomada? Não se sente preparado Cavaco Silva para segunda falar ao país, comemorando o dia que lhe permitiu ser quem é, sobre solidariedade, responsabilidade, bem-comum...? Mais de cem anos depois do fim da monarquia, sua excelência ainda acha que um país pode ficar sujeito aos seus caprichos. Viva a República»

que traduz bem o estado de degradação a que chegou a política nacional.

Em acréscimo apenas justifica dizer-se, como Almada Negreiros, que se o Cavaco é português eu quero ser espanhol!

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