A ascensão da
Igreja católica levou à progressiva substituição das festas do Solstício de
Inverno – entre as quais se destacou no período romano a Saturnália – pela
celebração natalícia, época habitualmente consagrada à família e à formulação de votos para
o novo ano que se avizinha. Lamentavelmente, é com um misto de tristeza e
amargura que não vejo qualquer razão para os cidadãos-contribuintes deste país
partilharem o optimismo que há dias expressou a ministra das Finanças.
Entendo
perfeitamente as razões que levarão qualquer membro da “nomenklatura” governativa nacional a formular a previsão que «“O
ano de 2015, vejo-o como claramente melhor do que 2014”», mas essas não são
compartilháveis com a esmagadora maioria dos cidadãos (em especial dos
trabalhadores por conta doutrem, dos pequenos empresários e dos reformados) e
ainda menos pelos cerca de 2 milhões de desempregados e de jovens à procura do
primeiro emprego.
Desde que se
começou a acentuar a convicção que a hipocrisia se transformou no sentimento
dominante numa sociedade desumanizada pela ânsia do lucro a qualquer custo e por
políticas como a da “austeridade expansionista”, que perdeu sentido a difusão
daquelas cândidas imagens associadas ao defunto espírito natalício. Não se
estranhe pois que os humoristas desenhem já outras realidades:
e que não
arrisque a formulação doutro voto que não um próximo aquele que o saudoso Raul
Solnado popularizou: “Façam o favor de tentar ser felizes…”
Sem comentários:
Enviar um comentário