quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

OS VOTOS POSSÍVEIS

A ascensão da Igreja católica levou à progressiva substituição das festas do Solstício de Inverno – entre as quais se destacou no período romano a Saturnália – pela celebração natalícia, época habitualmente consagrada à família e à formulação de votos para o novo ano que se avizinha. Lamentavelmente, é com um misto de tristeza e amargura que não vejo qualquer razão para os cidadãos-contribuintes deste país partilharem o optimismo que há dias expressou a ministra das Finanças.

Entendo perfeitamente as razões que levarão qualquer membro da “nomenklatura” governativa nacional a formular a previsão que «“O ano de 2015, vejo-o como claramente melhor do que 2014”», mas essas não são compartilháveis com a esmagadora maioria dos cidadãos (em especial dos trabalhadores por conta doutrem, dos pequenos empresários e dos reformados) e ainda menos pelos cerca de 2 milhões de desempregados e de jovens à procura do primeiro emprego.

Desde que se começou a acentuar a convicção que a hipocrisia se transformou no sentimento dominante numa sociedade desumanizada pela ânsia do lucro a qualquer custo e por políticas como a da “austeridade expansionista”, que perdeu sentido a difusão daquelas cândidas imagens associadas ao defunto espírito natalício. Não se estranhe pois que os humoristas desenhem já outras realidades:


e que não arrisque a formulação doutro voto que não um próximo aquele que o saudoso Raul Solnado popularizou: “Façam o favor de tentar ser felizes…”

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