Passados
tantos meses a vituperar o governo Passo Coelho/Portas e a sua subserviência
aos ditames da “troika” parece que
teremos hoje de reconhecer que afinal não terá faltado o brio nem o patriotismo
de os vermos resistir (ainda e sempre) ao “invasor”; pelo menos é o que se
poderia inferir da notícia que «Passados
seis meses, Bruxelas está desiludida com o Governo».
A situação
será tanto mais merecedora de destaque (e de evidente congratulação nacional)
quanto é já conhecido que «Bruxelas
queixa-se de falta de colaboração do Governo durante a última avaliação»,
claro sinal de que afinal a prosápia de Paulo Portas sobre o “protectorado” e a
“recuperação da independência” não eram palavras vãs, nem a mais recente
iniciativa para a reinstituição do
feriado do 1º de Dezembro (a data que, no longínquo ano de 1640, assinalou o
fim da hegemonia espanhola e a restauração da independência) uma simples
manobra eleitoral.
Tal como no
século XVII, quando Galileu se viu forçado pela Inquisição a renegar a sua
teoria heliocêntrica lá terá murmurado entre dentes “e pur si muove”, também agora os nossos convictos governantes
sempre foram resistindo às mais hediondas medidas contra os interesses
nacionais que foram obrigados a implementar. Não tardará muito a saber-se que foi
contra a sua vontade que foram cortadas as reformas dos pensionistas, os
salários dos trabalhadores da função pública e do sector empresarial do Estado
(tanto mais que idêntico procedimento sobre os vencimentos dos administradores
foi liminarmente recusado), que foram reduzidas as verbas para o ensino, a
saúde e a segurança social, que foi sob o mais vivo protesto que Vítor Gaspar
deu início ao mais brutal dos aumentos de impostos ou que foram vendidas empresas
públicas rentáveis como a ANA e os CTT, ou simplesmente estratégicas como a EDP
e a REN.
Bem diz o Povo
que a verdade é como o azeite e não tardará que aos impolutos defensores do bem
público e do interesse geral que nos têm governado venha a ser reconhecido um
estatuto idêntico ao de todos os bravos patriotas que ao longo de séculos verteram
suor e sangue na defesa dos interesses da Pátria (não recordo já onde li isto,
pelo que não refiro a origem da citação) e assim dentro em pouco veremos um
Passos Coelho comparado àquele alferes quinhentista que defendeu a bandeira com
os dentes, Vítor Gaspar e a Srª Swapp comparados ao soldado milhões e, por
último, o irrevogável Paulo Portas comparado ao indefectível Martin Moniz, ou
não estivesse ele sempre disponível para se deixar trucidar entre os seus
próprios batentes.
Camões cantou
um dia a Pátria que tão ditosos filhos tinha; fora hoje e não pouparia
laudatórios a tão probas personagens que seguramente augurarão muitos e ditosos
anos às gerações actuais e às vindouras, se para tanto lhes dermos o espaço e o
tempo…
Sem comentários:
Enviar um comentário