Mais que falar
na estabilidade política e na recuperação económica, vinte anos depois do
Massacre no Ruanda, quando um milenar conflito entre as etnias hutu e tutsi
terá custado a vida a 800 mil tutsis, parece fundamental recordar sobretudo a
responsabilidade da comunidade internacional, seja na incapacidade revelada
para enfrentar aquela situação, seja na responsabilidade pela implementação de
políticas colonialistas fomentadoras das rivalidades étnicas e na divisão
arbitrária de comunidades.
Há vinte anos,
tal como durante o período da colonização belga quando a potência colonial
fomentou os privilégios da minoria tutsi, a comunidade internacional nada fez
para contrariar a difusão do ódio étnico e acabou por ser uma organização
armada de matriz tutsi (a Frente Patriótica Ruandense) que substitui no poder o
regime hutu.
Porém, as
melhorias económicas não podem esconder que o actual regime tutsi, chefiado por
Paul Kagame, parece cada vez mais enredado numa estratégia de eliminação física
dos seus opositores, de que é exemplo o recente caso de Patrick Karegeya, o «Ex-chefe
dos serviços secretos do Ruanda "assassinado" na África do Sul»,
a par com a manutenção dum clima de tensão com outro produto da colonização
belga, a vizinha República Democrática do Congo (ex-Zaire), país conhecido
pelas suas riquezas minerais.
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