Com as notícias do primeiro Conselho Europeu do ano e a efusiva alegria mostrada pelo primeiro-ministro português que assegurou de pronto que «Portugal vê “com bons olhos” plano contra o desemprego» poderia parecer que, sob a esclarecida direcção alemã, finalmente tudo estava em vias de resolução.
Infelizmente a realidade – a dura realidade que os líderes europeus persistem em negar – continua a revelar-se bem diferente dos desejos pessoais daqueles que afinal não ansiarão senão por esquecer os acontecimentos e alcançar uma desejada reeleição.
Infelizmente a realidade – a dura realidade que os líderes europeus persistem em negar – continua a revelar-se bem diferente dos desejos pessoais daqueles que afinal não ansiarão senão por esquecer os acontecimentos e alcançar uma desejada reeleição.
As notícias sobre as anunciadas medidas para o combate ao desemprego primam pela escassez ou resumem-se a uma repetição de ideias básicas, pias intenções e os habituais lugares-comuns sobre a matéria. De concreto pouco se sabe e o que aqui ou ali surge revela-se tudo menos reconfortante. Prova disso mesmo foi o anúncio feito pelo INE de que temos um «Desemprego em Portugal com novo recorde de 13,6%» - número apenas ultrapassado pela Espanha, com 22,9%, a Grécia (19,2%) e a Irlanda, com 14,5% - e de que a «Queda do investimento empresarial foi de 17% no ano passado», valor que ultrapassou em muito a estimativa de 7,7% que foi a usada nas projecções oficiais.
Neste cenário de recessão económica onde campeia a negação da realidade, não escapa nem a declaração de Durão Barroso dizendo que «Resultados das reformas demorarão a aparecer», pois a avaliar pelo sucedido na Grécia, o primeiro dos países da Zona Euro onde foi forçada a aplicação de políticas de austeridade, os resultados têm sido claramente contraditórios com qualquer ideia de recuperação económica. Ao invés, devem merecer toda a atenção notícias como a que dá conta do resultado dum inquérito efectuado pelo FED e do qual se concluiu que «Crise europeia beneficiou "de maneira considerável" banca dos EUA», tanto mais que são o início da confirmação de que o que ocorre na Europa – e em especial na Zona Euro – não é fruto do acaso, nem corresponde à existência de maiores problemas nesta região que noutras, que tem afinal servido para escamotear dificuldades doutras moedas e que no limite até tem funcionado em claro benefício do sistema dólar.
Depois disto ainda haverá quem, de consciência limpa, possa continuar a afirmar que a solução e o caminho adequado estão numa contenção forçada dos défices e em políticas de redução de salários?
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