Se da Grécia chegam notícias de que o «Parlamento aprova plano austeridade» que poderão trazer alguma tranquilidade aos credores do país, já o teor dum plano onde ressaltam mais reduções salariais, mais despedimentos e mais reduções de pensões, só pode ser recebido pelos cidadãos helénicos com suspeição ou natural repúdio.
Talvez por ser cada vez mais evidente o fracasso da estratégia para a crise gizada pelo FMI e pelo BCE e por sentirem que os custos acabam por cair sempre sobre as suas costas, os cidadãos helénicos sentir-se-ão cada vez mais espremidos entre a aceitação pacífica das decisões políticas e a revolta que o sentimento de injustiça alimenta.
Mesmo repudiando a violência transmitida por notícias como a de que «Atenas mergulha no caos com cortes no salário mínimo e nas pensões», poder-se-á negar que esta não é de fruto da opressão imposta pelos parceiros europeus, precisamente aqueles de quem seria de esperar maior solidariedade?
E que pensar quando se lê que Van Rompuy, o presidente do Conselho Europeu, afirmou na China que os «Líderes europeus farão “tudo para ultrapassar a crise”» e se constata pela experiência recente o que valem e em que direcção apontam “líderes” comunitários do calibre daquele, ou do de Durão Barroso, senão que o futuro próximo nos reserva novas políticas restritivas sobre assalariados e pensionistas, mais desemprego e menor crescimento económico, na linha do anúncio recente do INE reportando que o «PIB português diminuiu 1,5 por cento em 2011» e que estará chegado o momento de pensarmos seriamente em que projecto europeu quereremos estar envolvidos: num projecto onde presidem os interesses das minorias financeiras e especuladoras ou um projecto orientado para os cidadãos e para o futuro?
Se a opção for a primeira bastará cruzarmos os braços e deixarmos aos líderes actuais o espaço e o tempo para actuarem, mas se pelo contrário, como creio, a opção for a da construção duma Europa dos Povos, então há que usar os meios disponíveis para barrar as políticas que nos estão a conduzir para uma situação cada vez mais insustentável!
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