Prosseguindo a sua opção por sucessivas medidas de restrição sobre os assalariados nacionais e pela sua apresentação a conta-gotas, o governo de Passos Coelho anunciou no final da semana passada a intenção de não conceder a tradicional tolerância para as festividades carnavalescas.
Não fora o momento escolhido – a duas escassas semanas do evento e quando a generalidade dos organizadores (autarquias e colectividades) já procederam a vultuosos gastos – talvez não gastasse tempo a pensar no assunto, mas a inépcia e a demonstrada ignorância da envolvente financeira da decisão não pode deixar de ser denunciada e criticada.
Não fora o momento escolhido – a duas escassas semanas do evento e quando a generalidade dos organizadores (autarquias e colectividades) já procederam a vultuosos gastos – talvez não gastasse tempo a pensar no assunto, mas a inépcia e a demonstrada ignorância da envolvente financeira da decisão não pode deixar de ser denunciada e criticada.
Como se não bastasse a escolha da mais desadequada das oportunidades – a tomar a decisão esta deveria de ter sido anunciada há muito a fim de obviar os comentários e as lógicas críticas – Passos Coelho revelou ainda a maior das insensibilidades quando àquela decisão acrescentou ontem o apelo a que sejamos menos piegas…
Na prática, o responsável pela condução dos destinos deste país, pretenderá ver cessar o clima de desânimo e de crítica que grassa nos mais diversos sectores duma sociedade onde não são apenas os assalariados que vêem cada vez mais reduzidos os proveitos da única fonte de subsistência de que dispõem – o seu trabalho – enquanto são simultaneamente aumentadas as horas de trabalho (quer através da proposta de redução dos feriados quer através da redução do período de férias), mas também o pequeno comércio, que diariamente sofre a perca de clientes ditado pela redução do rendimento da esmagadora maioria da população e que se confronta com a impossibilidade de concorrer com os grupos económicos que detém as grandes superfícies, e a pequena indústria, técnica e financeiramente incapaz de concorrer com as grandes unidades e afectada, tal como o pequeno comércio, pela drástica redução do poder de compra das famílias.
É claro que em momento algum me ocorreu que a invectiva de Passos Coelho fosse directa ou indirectamente dirigida a Cavaco Silva, o homem que em público anunciou a sua dificuldade para sobreviver com as reformas que aufere (diminutas, mas que ainda assim superiores ao vencimento como Presidente da República de que abdicou), mas que mais dia, menos dia virá apoiar aquela posição.
Esgotadas algumas das possíveis explicações para as declarações de Passos Coelho, que estão ao nível do que já nos habituou quando, sem relutância, incentivou os jovens a emigrarem e a procurarem o seu futuro noutro país, resta uma: será que o que Passos Coelho fez foi deixar aflorar algo do que lhe vai no subconsciente e o apelo que fez foi no sentido de substituirmos a muito nacional lamechice e passarmos à acção?
Face às notícias que chegam da Grécia, onde um governo não eleito se prepara para submeter todo um Povo a exigências do teor da que pretende reservar parte da nova tranche de financiamento para pagar aos credores , este é o momento para seguirmos à risca o apelo do nosso primeiro-ministro e, deixando-nos de pieguices passemos à acção; arregacemos as mangas e exijamos a demissão dum governo que além de prejudicar claramente os interesses nacionais, insulta os cidadãos!
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